Extinção de CFCs ameaça 300 mil empregos no Brasil
Federação Nacional das Autoescolas projeta impacto de R$ 14 bilhões anuais e aponta risco à segurança no trânsito

A possível desobrigação das aulas práticas e teóricas para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) preocupa o setor de formação de condutores no Brasil. A Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Feneauto) estima que a medida poderia resultar em perdas anuais de R$ 14 bilhões e colocar em risco cerca de 300 mil empregos em todo o país. As informações são do Correio do Povo.
Atualmente, o Brasil conta com 15.757 Centros de Formação de Condutores (CFCs) em operação, que geram de forma direta e indireta aproximadamente 300 mil empregos e movimentam R$ 429 milhões em salários por mês — o equivalente a R$ 5,1 bilhões ao ano.
O presidente da Feneauto, Ygor Valença, afirma que a mudança traria efeitos devastadores para a economia, para o mercado de trabalho e para a segurança viária.
— Manter a formação estruturada nas autoescolas é salvar vidas, preservar empregos, garantir arrecadação tributária e garantir a manutenção do tráfego brasileiro de forma sustentável — disse.
Impactos econômicos e fiscais
De acordo com a Feneauto, a extinção da obrigatoriedade dos CFCs implicaria em uma queda imediata de R$ 1,92 bilhão na arrecadação de tributos. O efeito seria sentido principalmente em municípios de médio e pequeno porte, que enfrentariam redução no consumo local e queda de receitas de ICMS e ISS.
A entidade também alerta para o custo social decorrente do aumento de acidentes de trânsito, que já representam cerca de 3% do PIB nacional.
Consequências sociais
A federação calcula que o fim das autoescolas poderia afetar diretamente 189 mil trabalhadores e cerca de 900 mil famílias. Além da perda de renda, haveria sobrecarga no Sistema Único de Saúde (SUS) e em programas sociais, como o Bolsa Família, com impacto estimado em R$ 1 bilhão por ano. Mais de 190 mil convênios de assistência médica privada também poderiam ser suspensos, elevando ainda mais a pressão sobre o sistema público.
Segurança no trânsito
Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) reforçam que o treinamento estruturado de condutores é determinante para reduzir acidentes e mortes. Para Valença, enfraquecer a rede de CFCs é retroceder nas conquistas obtidas em décadas de políticas públicas para o trânsito.
— Estamos diante de uma proposta que ameaça não apenas o setor, mas a sociedade como um todo. Desmontar a rede de CFCs significa abrir mão de empregos, de arrecadação e, principalmente, da segurança no trânsito. O Brasil ainda convive com números alarmantes de mortes em acidentes, e flexibilizar a formação de condutores é retroceder em décadas de conquistas. A preservação dessa rede não é uma pauta corporativa, é uma questão de interesse público — afirmou.
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