Petrobras autoriza início da construção de quatro navios
Projeto prevê investimento de US$ 278 milhões e geração de mil empregos; construção será dividida entre estaleiros no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro

A Petrobras liberou oficialmente o início da construção de quatro navios petroleiros nesta terça-feira (19), durante a abertura da Navalshore 2025, no Rio de Janeiro. A iniciativa, parte do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras (TP25), representa um marco estratégico na revitalização da indústria naval brasileira e é resultado de um contrato firmado entre a Transpetro e o consórcio formado pelos estaleiros Ecovix (RS) e Mac Laren (RJ).
Com investimentos estimados em US$ 69,5 milhões por embarcação — totalizando cerca de US$ 278 milhões — os novos navios da classe Handy terão capacidade entre 15 mil e 18 mil toneladas de porte bruto (TPB) e serão utilizados para o transporte de derivados de petróleo. A construção dos cascos será realizada no Estaleiro Rio Grande, no sul do país, enquanto o acabamento e o comissionamento das unidades ficarão sob responsabilidade do Estaleiro Mac Laren, em Niterói, no estado do Rio de Janeiro.
O projeto deve gerar cerca de mil empregos diretos e representa uma oportunidade concreta de reativação do polo naval gaúcho, que já foi referência nacional na construção de embarcações e chegou a empregar 20 mil trabalhadores em sua fase mais ativa, entre 2013 e 2014.
Durante o anúncio, autoridades e executivos destacaram o papel estratégico da indústria naval no desenvolvimento econômico e na soberania industrial brasileira. Segundo o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, o cronograma prevê início imediato das obras, com previsão de entrega das embarcações em até três anos.
A medida também está inserida em um contexto mais amplo de política industrial e energética. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou da assinatura do contrato em fevereiro, defendeu o uso dos recursos do petróleo como alavanca para a transição energética brasileira. O governo aposta na Petrobras não apenas como produtora de petróleo, mas como indutora de tecnologias sustentáveis e energias renováveis, como o hidrogênio verde e os biocombustíveis.
Em sintonia com essa estratégia, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, anunciou que a refinaria Rio Grandense será convertida em uma biorrefinaria até 2029, com investimentos de R$ 5,5 bilhões e a expectativa de gerar 4 mil novos empregos.
O projeto dos quatro navios também incorpora avanços em eficiência energética e redução de emissões, alinhando-se às metas de sustentabilidade da companhia. Para o setor naval, o movimento simboliza uma retomada de fôlego após anos de paralisia e desmonte, especialmente após o impacto da Operação Lava Jato e o fechamento de diversos estaleiros no país.
Representantes do setor, como o presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, destacaram a importância da demanda crescente por embarcações de apoio e pela reciclagem de unidades offshore. Já o secretário nacional de Hidrovias e Navegação, Dino Antunes Dias Batista, ressaltou que o fortalecimento da indústria naval só é possível com políticas públicas de longo prazo.
O anúncio reforça o papel da Petrobras como motor da economia nacional e marca uma nova fase para a indústria naval brasileira, agora pautada por inovação, sustentabilidade e geração de empregos qualificados.
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