A Polícia Federal identificou no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) um arquivo de 33 páginas que seria um pedido de asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei. O documento foi salvo em 10 de fevereiro de 2024, dois dias depois da deflagração da Operação Tempus Veritatis, que determinou a entrega do passaporte de Bolsonaro.

Segundo o relatório da PF, o texto em primeira pessoa descreve Bolsonaro como perseguido político e solicita “asilo em regime de urgência”. Em um dos trechos reproduzidos no documento, o ex-presidente afirma: “Sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos”. Em outro, pede proteção por se encontrar “na situação de perseguido político”. O rascunho, porém, não continha assinatura.

O material foi incluído no relatório em que Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foram indiciados sob suspeita de obstrução de julgamento da trama golpista em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Para os investigadores, o documento poderia viabilizar uma eventual fuga do Brasil diante do avanço das apurações sobre a tentativa de golpe de Estado.

A PF também destacou que, em dezembro de 2023, dois meses antes da última edição do arquivo, Bolsonaro comunicou ao ministro Alexandre de Moraes que viajaria à Argentina para acompanhar a posse de Milei, em 10 de dezembro.

“Os elementos informativos encontrados indicam que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha em sua posse documento que viabilizaria sua evasão do Brasil em direção à República Argentina, notadamente após a deflagração de investigação pela Polícia Federal”, conclui o relatório.