CNA estima prejuízo de US$ 5,8 bilhões ao agronegócio com nova tarifa dos EUA
Sobretaxa de 50% anunciada por Trump pode reduzir quase pela metade as exportações para o mercado norte-americano e comprometer setores como suco de laranja, açúcar e carnes

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta uma perda de até US$ 5,8 bilhões para o agronegócio nacional caso entre em vigor a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida, prevista para começar em 1º de agosto, pode provocar uma queda de 48% no volume exportado ao mercado norte-americano, conforme levantamento da entidade.
Entre os produtos mais atingidos está o suco de laranja, cuja exportação pode ser praticamente zerada diante do novo custo. Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 795 milhões desse item aos EUA, mas a CNA avalia que o aumento da tarifa tornaria a operação financeiramente inviável. O setor açucareiro também deve sofrer fortes perdas, com previsão de redução de 74% nas exportações de açúcar de cana.
As exportações de carne bovina podem registrar queda de 47%, enquanto o café verde, embora menos afetado devido à escassez global do produto, pode ter retração de até 25%. O impacto estimado pela CNA tem como base o conceito de elasticidade da demanda, considerando que a elevação de tarifas seria integralmente repassada aos preços finais dos produtos, tornando-os menos competitivos no mercado americano.
Apesar de ainda não estar em vigor, a medida já causa efeitos em diversos setores do agronegócio. Frutas como manga, pescados e outras carnes também sentem os reflexos do anúncio. O cenário é agravado pela ausência de avanços nos canais formais de negociação entre os governos de Brasil e Estados Unidos, que continuam fechados.
Diante da iminência da nova tarifa, o governo federal e representantes do setor produtivo avaliam formas de resposta. No entanto, a avaliação entre membros do Executivo é de que há baixa probabilidade de reversão da sobretaxa antes de 1º de agosto.
Ao comentar o tema, Trump afirmou que os países atingidos pelas tarifas, como o Brasil, são aqueles com os quais os EUA “não têm se dado bem”, reforçando o tom protecionista de sua política comercial.
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