Após semanas de tempo seco e precipitações abaixo da média, a última semana de julho será marcada por chuva frequente e, em alguns locais, volumosa no Sul do Brasil. A mudança é resultado de uma quebra no padrão atmosférico que predominou nas últimas três semanas, segundo a MetSul Meteorologia.

Os maiores acumulados devem ocorrer nos três estados do Sul, com projeções que variam entre 50 mm e 100 mm em diversas regiões e volumes ainda mais elevados em áreas isoladas, especialmente no Rio Grande do Sul. A instabilidade também deve atingir partes do Centro-Oeste e Sudeste, incluindo Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Situação atual de déficit de chuva

Até o dia 24/07, os índices de precipitação estavam muito abaixo da média histórica para o mês. Em Porto Alegre, por exemplo, havia chovido apenas 36,6 mm, frente a uma média de 163,5 mm para julho — o mês mais chuvoso do ano na capital. Em Caxias do Sul, o acumulado era de apenas 18,5 mm, apenas 10% da média mensal de 184,3 mm.

Esse padrão seco também foi registrado em Santa Catarina e Paraná, resultado da atuação prolongada de uma massa de ar frio de alta pressão. Enquanto isso, o Centro-Oeste e o Sudeste estão em pleno auge da estação seca, o que limitou ainda mais a ocorrência de chuvas.

Quando e onde deve chover

A instabilidade começa a se intensificar já nesta quinta-feira (24/07), com chuvas em áreas do Norte gaúcho e Centro-Sul do Paraná. Na sexta-feira, a precipitação se concentra mais em Santa Catarina e no Paraná, com ocorrência mais isolada no Rio Grande do Sul.

O fim de semana será marcado por nova intensificação da instabilidade:

• Sábado: previsão de chuva em boa parte do Rio Grande do Sul, com registros isolados em Santa Catarina e Sul do Paraná;
• Domingo: aumento dos volumes, especialmente no território gaúcho, com chuvas atingindo também o Mato Grosso do Sul.

A tendência segue no início da próxima semana, com chuva em praticamente todo o Sul e em diversas áreas do Centro-Oeste e Sudeste, com destaque para a Metade Leste do Rio Grande do Sul. A instabilidade deve continuar até terça-feira (30/07), quando as precipitações se tornam mais irregulares, mas ainda ocorrem em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Causas da mudança no clima

A alteração no regime de chuvas se deve à ausência recente de massas de ar polar intensas e à atuação de fenômenos de teleconexão atmosférica, como a Oscilação de Madden-Julian (OMJ). Embora com intensidade fraca no Brasil, esse fenômeno climático tropical tem favorecido a formação de áreas de baixa pressão que impulsionam a instabilidade e levam a chuva mais ao Norte da América do Sul.

Risco de alagamentos é baixo

Apesar da previsão de acumulados elevados em curto espaço de tempo, a expectativa é de que o impacto hidrológico seja limitado. Segundo os modelos analisados pela MetSul, o risco de enchentes é baixo, embora não se descarte a ocorrência de alagamentos pontuais em centros urbanos, especialmente no domingo, devido à possibilidade de chuva forte isolada.