Eduardo Bolsonaro admite articulação por sanções dos EUA
Deputado licenciado afirmou teve reuniões em busca de punições

Durante uma entrevista transmitida ao vivo nesta segunda-feira (22/07), o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) admitiu ter participado de reuniões com autoridades dos Estados Unidos com o objetivo de articular sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras autoridades brasileiras. A declaração foi feita ao lado do jornalista Paulo Figueiredo, em uma transmissão no canal Inteligência LTDA, no YouTube.
— Sempre trabalhei para sanções individuais no Alexandre de Moraes, mas, né, o presidente Trump, dentre as alternativas dele, escolheu essa [a taxação] — disse Eduardo, ao comentar o tarifaço de 50% anunciado recentemente pelos EUA sobre produtos brasileiros.
O parlamentar, que está licenciado do cargo, também afirmou que pretendia ampliar os pedidos de sanções caso não houvesse impacto imediato sobre Moraes.
— Caso isso não surtisse efeito, seguiria adiante com medidas contra outras autoridades que sustentam esse regime — declarou, em referência ao que considera ser uma "ditadura" no Brasil.
Segundo Paulo Figueiredo, as articulações com autoridades norte-americanas tiveram início após as eleições de meio de mandato nos EUA, em 2022, quando o Partido Republicano retomou a maioria na Câmara dos Representantes. Ele disse ter incentivado Eduardo a se engajar nas conversas. Embora não tenha especificado as datas, Figueiredo revelou que houve, inclusive, diálogo com o ex-presidente Donald Trump sobre as medidas a serem adotadas contra o Brasil.
— Nós advogamos por sanções direcionadas aos agentes principais da ditadura. Essa era nossa opinião. Mas o presidente Trump, que é mais qualificado que nós e comanda o arsenal americano, decidiu que o melhor naquele momento eram as tarifas — contou Figueiredo.
Contradição com declarações anteriores
A fala mais recente de Eduardo Bolsonaro contrasta com o que havia declarado dias antes, em entrevista à TV Globo. Na ocasião, ele defendeu a taxação imposta por Trump e chegou a chamá-la de “alavanca” para pressionar o Judiciário brasileiro.
As declarações reacendem o debate sobre a atuação de políticos brasileiros no exterior com o intuito de influenciar decisões de governos estrangeiros contra instituições nacionais. O próprio STF já apura condutas de Eduardo Bolsonaro no inquérito que investiga ataques à democracia e tentativa de desestabilização institucional.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Ministério das Relações Exteriores não comentaram oficialmente o conteúdo da live. A repercussão do caso, no entanto, deve gerar novas reações no Congresso e no Judiciário nos próximos dias.
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