Prisão e tarifaço de Trump afastam eleitorado ‘nem-nem’ de Bolsonaro, mostra Pesquisa Quaest
Segmento que não se identifica nem com Lula nem com Bolsonaro passou a avaliar de forma mais negativa o ex-presidente

Cruciais para a disputa presidencial de 2026, os eleitores classificados como “nem-nem” — que não se alinham nem ao lulismo, nem ao bolsonarismo, tampouco a uma posição clara de esquerda ou direita — vêm se distanciando de Jair Bolsonaro (PL), segundo levantamento Genial/Quaest divulgado nesta quarta-feira (27).
O estudo indica que a prisão domiciliar do ex-presidente, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, somada ao chamado tarifaço dos Estados Unidos sob Donald Trump, impactaram diretamente a avaliação desse grupo. Embora a maioria ainda desaprove o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os “nem-nem” passaram a pender mais para o atual presidente.
Medo do retorno de Bolsonaro cresce
Na comparação com a pesquisa de julho, aumentou o temor do retorno de Bolsonaro ao Planalto entre os “nem-nem”. Agora, 46% desse grupo consideram a volta do ex-presidente pior que a continuidade de Lula, que foi citada por 25%. A diferença de 21 pontos é três vezes maior que a registrada no mês anterior. No cenário geral, 47% dos brasileiros rejeitam Bolsonaro, contra 39% que preferem evitar a permanência do petista.
Comparação entre governos
Até julho, Lula vinha atrás de Bolsonaro na avaliação comparativa entre governos. Mas em agosto, a percepção mudou, em grande parte devido aos “nem-nem”. Nesse grupo, o percentual dos que avaliam a gestão petista como pior caiu de 37% para 27%, enquanto a visão positiva subiu de 33% para 37%. Outros 32% consideram ambas administrações equivalentes.
Prisão domiciliar reforça rejeição
A decisão judicial que colocou Bolsonaro em prisão domiciliar acentuou a rejeição nesse segmento: 60% dos “nem-nem” consideram a medida justa, contra 29% que a julgam indevida. No resultado geral, a diferença é menor — 55% a 39%.
Envolvimento em trama golpista
O mesmo grupo também passou a ver de forma mais clara o envolvimento do ex-presidente na tentativa de golpe após a eleição de 2022. Em dezembro de 2024, 45% dos “nem-nem” acreditavam nessa participação. O índice subiu para 52% em março e chegou a 58% agora em agosto. No agregado, 52% dos brasileiros acreditam no envolvimento, contra 36% que não.
Avaliação do governo Lula melhora
Combinados à percepção de melhora na economia, esses dados ajudaram a elevar a aprovação de Lula entre os “nem-nem”, que subiu de 38% para 42% em relação a julho. A desaprovação ainda é maior (53%), mas a diferença é a menor do ano.
No conjunto da população, a avaliação do governo também melhorou: 46% aprovam e 51% desaprovam a gestão petista, o melhor índice desde janeiro. Para o CEO da Quaest, Felipe Nunes, a curva positiva se explica pela desaceleração nos preços dos alimentos e pela postura de Lula diante do tarifaço imposto por Trump, associada ao discurso de “soberania nacional”.
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