Possível retorno da La Niña deve influenciar clima no Brasil na primavera
Modelos indicam que águas do Pacífico Equatorial podem esfriar, aumentando risco de estiagens no Sul e eventos extremos de chuva Norte e Nordeste

O Oceano Pacífico permanece em neutralidade, sem sinais de El Niño ou La Niña, mas apresenta resfriamento na região Centro-Leste. De acordo com modelos climáticos e a última atualização da NOAA, agência de clima dos Estados Unidos, há possibilidade de que condições de La Niña se estabeleçam durante a primavera.
Atualmente, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Centro-Leste, região chamada Niño 3.4, está em -0,4ºC, ainda na faixa de neutralidade. Perto da costa da América do Sul, no Pacífico Leste (Niño 1+2), a anomalia está em -0,1ºC. Essa é a menor temperatura semanal registrada na região desde fevereiro, mas o oceano segue sem configurar oficialmente um evento de La Niña.
Especialistas alertam que neutralidade não significa normalidade. Mesmo sem El Niño ou La Niña, podem ocorrer extremos de chuva e temperatura. Em maio, por exemplo, áreas do Noroeste da província de Buenos Aires receberam quase 500 mm de chuva, enquanto no Rio Grande do Sul cidades tiveram volumes entre 300 mm e 500 mm, provocando enchentes. Episódios semelhantes se repetiram em junho e agosto, com chuvas intensas no Sul gaúcho. Além disso, o inverno deste ano tem registrado temperaturas abaixo da média histórica, especialmente no Sul do país.
Segundo análise da MetSul e projeções da NOAA, a probabilidade de La Niña durante a primavera é superior a 50%. No entanto, para o verão, o cenário mais provável é retorno à neutralidade, com a possibilidade de o resfriamento não persistir. Se as condições de La Niña se prolongarem até o verão, o evento será oficialmente caracterizado.
O fenômeno La Niña ocorre quando a superfície do Pacífico Equatorial Central e Oriental apresenta temperaturas abaixo do normal, afetando padrões de vento, precipitação e temperatura global. No Brasil, tende a reduzir chuvas no Sul e aumentar precipitação no Norte e Nordeste. Mesmo assim, podem ocorrer episódios de chuva extrema, com enchentes e inundações. Além da chuva, a fase fria facilita a entrada de massas de ar frio, podendo gerar ondas de frio tardias no primeiro ano do evento e precoces no outono do segundo ano.
Em escala global, La Niña costuma contribuir para uma desaceleração do aquecimento da Terra, embora a temperatura média ainda permaneça elevada devido ao aquecimento recente do planeta. A última fase de La Niña ocorreu entre 2020 e 2023, trazendo estiagens no Sul do Brasil e crises hídricas em países como Uruguai, Argentina e Paraguai.
Impactos esperados do La Niña no Brasil
Se confirmado, o La Niña na primavera 2025 pode trazer impactos relevantes para diferentes regiões brasileiras:
- Região Sul: Chuvas irregulares, prejudicando a agricultura e o abastecimento hídrico.
- Região Norte: Chuvas acima da média, com risco de elevação do nível de rios.
- Região Sudeste: Temperaturas abaixo da média e possibilidade de novas ondas de frio.
- Além disso, os efeitos devem impactar diretamente a agricultura, sobretudo na Região Sul, que inicia o plantio nas próximas semanas.
La Niña e a agricultura brasileira
O setor agrícola deve estar atento:
- Sul do Brasil: riscos para a semeadura devido à irregularidade das chuvas.
- Norte: atenção à logística agrícola em função do aumento dos níveis dos rios.
- Sudeste: temperaturas mais baixas podem afetar o desenvolvimento de algumas culturas.
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