Detentos de Charqueadas comandavam golpes de extorsão a frequentadores de motéis
Presos consultavam dados de vítimas e articulavam cobranças; facções migraram do tráfico para fraudes digitais

Uma investigação da Polícia Civil revelou que golpes de extorsão aplicados contra frequentadores de motéis em Porto Alegre eram coordenados de dentro do Complexo Prisional de Charqueadas. O esquema foi desarticulado nesta terça-feira (26) durante a Operação Segredo de Alcova, que cumpriu nove mandados judiciais, sendo cinco de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão, em Eldorado do Sul e Charqueadas.
Segundo os investigadores, detentos vinculados a facções criminosas utilizavam celulares e acesso a bases de dados para obter informações pessoais de clientes fotografados na saída de motéis. As vítimas eram então contatadas via WhatsApp, sob a falsa identidade de detetives particulares, e chantageadas com ameaças de exposição de supostas traições. Os valores exigidos em transferências via Pix chegavam a R$ 15 mil.
Um preso de 32 anos, detido em Charqueadas desde 2016, foi identificado como o coordenador técnico do esquema. Ele realizava as consultas de veículos e repassava informações para comparsas. O homem tem histórico de crimes como homicídio, roubo e extorsão. Em outra cela do mesmo complexo, três detentos atuavam em conjunto, articulando contatos diretos com as vítimas.
De acordo com o delegado Eibert Moreira Neto, diretor do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos, o caso mostra a mudança de estratégia de grupos criminosos.
— São indivíduos faccionados, que antes disputavam territórios do tráfico de drogas e hoje migraram para esse novo ramo da criminalidade, explorando fraudes e extorsões — afirmou.
Até agora, a polícia confirmou pelo menos dez vítimas, mas acredita que o número seja maior, já que muitos atingidos não registraram ocorrência por medo de exposição.
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