Ministério da Saúde seleciona especialistas para reforçar atendimento no RS
Programa 'Agora Tem Especialistas' leva médicos ao SUS em regiões com escassez; atendimentos começam em setembro

O Ministério da Saúde anunciou a seleção de 501 médicos especialistas que vão atuar em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país por meio do programa Agora Tem Especialistas. A iniciativa busca suprir a falta de profissionais em áreas carentes e reduzir a necessidade de deslocamentos de pacientes em busca de atendimento.
No Sul do Brasil, 26 médicos foram contemplados nesta primeira chamada: 13 destinados ao Rio Grande do Sul, 11 para Santa Catarina e dois para o Paraná. Em todo o país, os selecionados serão distribuídos em 212 municípios, atendendo hospitais, policlínicas e centros de diagnóstico.
Segundo o Ministério, 67% dos novos profissionais irão reforçar a rede no interior do país, em especialidades como cirurgia geral, ginecologia, anestesiologia e otorrinolaringologia. A prioridade foi atender regiões classificadas como de alta vulnerabilidade social e sanitária, além de áreas da Amazônia Legal e de fronteira.
Essa é a primeira vez que o SUS contará com médicos já especialistas em edital nacional. A média de experiência dos selecionados é de 12 anos. Eles passarão a atuar em 258 unidades de saúde pública, com a expectativa de reduzir filas e encurtar o tempo de espera por consultas, exames e procedimentos cirúrgicos.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que a ação complementa investimentos já feitos por estados e municípios:
— Precisamos de iniciativas ousadas como o Mais Médicos Especialistas, que, pela primeira vez, garante a atuação de especialistas no SUS. Isso significa ampliar o acesso da população e fortalecer a rede pública de saúde — afirmou.
Entre os selecionados, 131 médicos atuavam exclusivamente na rede privada e, pela primeira vez, atenderão pacientes do SUS. Segundo o estudo Demografia Médica 2025, apenas 10% dos especialistas trabalham hoje exclusivamente no setor público, o que reforça a importância da iniciativa.
Do total, 75% vão atuar em hospitais públicos, em atividades de alta complexidade como cirurgias, internações e tratamentos oncológicos. Outros 18% serão direcionados a ambulatórios, para realização de consultas e exames, enquanto os demais reforçarão unidades de apoio diagnóstico e terapêutico.
Casos como o da Paraíba exemplificam o impacto esperado: moradores do sertão, que antes precisavam percorrer até 500 km até a capital João Pessoa, terão acesso a atendimento no Hospital Regional de Patos, onde oito especialistas começarão a trabalhar em setembro. A estimativa é de aumento de 30% na capacidade de atendimento da unidade.
Além do trabalho nas unidades de saúde, os profissionais receberão capacitação específica para atuação no SUS, com 16 cursos de aprimoramento em áreas estratégicas. A formação será acompanhada por mentoria de hospitais da Rede Ebserh e do Proadi-SUS. Os médicos também terão direito a uma bolsa-formação de até R$ 20 mil, variável de acordo com a vulnerabilidade do local de atuação.
Ao todo, 993 médicos se inscreveram no programa. Dos 501 selecionados nesta primeira etapa, os demais ficam em lista de espera e poderão ser chamados em etapas seguintes.
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