Tarifas dos EUA reduzem intenção de investimento da indústria gaúcha
Pesquisa do Sistema Fiergs mostra queda nas projeções de demanda, exportações, emprego e compras de insumos em agosto

As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros estão impactando diretamente a indústria do Rio Grande do Sul. Conforme a Pesquisa Sondagem Industrial, divulgada pela Unidade de Estudos Econômicos do Sistema Fiergs nesta terça-feira (2/09), o índice que mede a disposição dos empresários de investir nos próximos seis meses caiu de 59 pontos, em julho, para 54,6 em agosto.
As projeções para demanda e exportações também recuaram. O índice de demanda passou de 53,6 para 49,4 pontos, enquanto o de exportações caiu de 50,1 para 44,4 – o menor nível desde junho de 2020. Diante da expectativa de menor atividade, as empresas planejam reduzir contratações e compras de insumos: o índice de número de empregados para os próximos seis meses caiu de 51 para 47 pontos, e o de aquisição de matérias-primas, de 51,9 para 48,9 pontos.
Segundo o presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier, a falta de perspectiva para uma solução diplomática do impasse econômico aumenta a cautela.
— Enquanto não tivermos uma solução concreta para o problema, o cenário é de atenção entre os industriais gaúchos. O efeito da alta das tarifas não afeta só as empresas atingidas neste momento, mas causa incerteza para negócios no futuro — destacou.
O Rio Grande do Sul está entre os estados mais prejudicados, com 85,7% dos embarques da indústria de transformação destinados aos Estados Unidos atingidos pela medida.
Resultados de julho
Apesar da queda nas expectativas em agosto, a produção da indústria gaúcha alcançou 51,1 pontos em julho, avanço considerado dentro da normalidade em relação a junho. O emprego, porém, recuou, com índice de 48,8 pontos, segunda queda consecutiva. A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) se manteve em 70% no período, avaliada pelos empresários como abaixo do usual, ainda que mais próxima do nível considerado adequado do que no mês anterior.
Os estoques de produtos finais também cresceram em julho, permanecendo acima do planejado, mas mais próximos do desejado pelas empresas. Tanto o índice de evolução mensal quanto o de estoques em relação ao planejado marcaram 51,1 pontos, registrando o quarto mês consecutivo acima de 50.
A pesquisa ouviu 164 empresas — 37 pequenas, 56 médias e 71 grandes — entre os dias 1º e 12 de agosto.
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