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São Jerônimo, RS,02/09/2025

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Morre Mino Carta, aos 91 anos, um dos maiores nomes da imprensa brasileira

Fundador de Veja e CartaCapital, jornalista marcou sete décadas de carreira com ousadia editorial, resistência política e influência intelectual

Reprodução
Morre Mino Carta, aos 91 anos, um dos maiores nomes da imprensa brasileira O jornalista Mino Carta no Sem Censura, da TV Brasil
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O jornalismo brasileiro perdeu, nesta terça-feira (2/09), um de seus personagens mais marcantes. Mino Carta, fundador de algumas das publicações mais influentes do país, morreu aos 91 anos em São Paulo. Ele estava internado havia duas semanas na UTI do Hospital Sírio-Libanês e enfrentava problemas de saúde nos últimos meses, segundo confirmou a revista CartaCapital, da qual era diretor de redação.

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Nascido em Gênova, Itália, em 1933, Mino veio de uma família de jornalistas marcada pela resistência ao fascismo. No Brasil, transformou-se em referência incontornável da imprensa nacional, conduzindo projetos que mudaram a forma de fazer jornalismo.

Do acaso à paixão pela profissão

A carreira de Mino Carta começou de forma improvável: em 1950, quando seu pai, também jornalista, foi convidado a escrever crônicas sobre a Copa do Mundo no Brasil, passou a tarefa ao filho, que descobriu ali o prazer da escrita. “Percebi que a felicidade não era tão cara e podia ser alcançada escrevendo”, recordaria décadas depois.

Após uma breve experiência na Itália, Mino assumiu, em 1960, a direção da versão brasileira da revista Quattroruote, da editora Abril. O trabalho chamou a atenção e abriu caminho para projetos maiores, como o inovador Jornal da Tarde (1966), que marcou época pela linguagem visual e editorial ousada.

Criador de marcas históricas

Do Jornal da Tarde, Mino levou parte da equipe para um desafio ainda maior: lançar, em 1968, a revista Veja, que se tornaria a principal news magazine brasileira. Mais tarde, foi também responsável por fundar a IstoÉ (1976) e, já nos anos 1990, a CartaCapital, que consolidou sua imagem como referência do público progressista.

Na trajetória, também esteve à frente do efêmero Jornal da República (1979), lembrado por ele como seu “maior fracasso”, mas considerado um marco pela proposta editorial ousada.

Jornalismo como trincheira política

Mino Carta atravessou a ditadura militar sob vigilância, enfrentou censura e ameaças, mas nunca abriu mão da independência crítica. Em suas publicações, destacou-se pelo espaço dado à política e pela disposição em questionar os poderosos.

A revista IstoÉ foi pioneira, por exemplo, em publicar uma entrevista com Luiz Inácio Lula da Silva ainda como líder sindical, no fim dos anos 1970. A relação entre ambos se transformaria em amizade, e Mino teve papel importante nos bastidores das Diretas Já.

Personalidade marcante e resistência às novas tecnologias

Intelectual rigoroso, defensor de um jornalismo literário e analítico, Mino também era conhecido pelo temperamento forte. Apegado à máquina de escrever Olivetti, resistia às novas tecnologias. “A imprensa está sendo engolida e escravizada pelas novas mídias”, criticou em 2024, em uma de suas últimas entrevistas.

Mino preferiu não escrever uma autobiografia, mas deixou registros pessoais em seus romances Castelo de Âmbar (2000), A Sombra do Silêncio (2003) e A Vida de Mat (2016), além de ensaios e crônicas.

Legado e repercussão

A notícia de sua morte gerou manifestações imediatas. Parlamentares e jornalistas ressaltaram seu papel como referência do jornalismo crítico e democrático. O deputado Bohn Gass (PT-RS) afirmou que Carta foi “um democrata de verdade, com texto impecável”. Orlando Silva (PCdoB-SP) destacou o “intelectual refinado” que fará falta “num tempo de desinformação e manipulação”.

Para a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), Mino foi um “gigante do jornalismo brasileiro” que abriu caminhos para a comunicação como trincheira de resistência.

Ao longo de mais de sete décadas, Mino Carta não apenas fundou revistas: ajudou a reinventar o jornalismo brasileiro, conciliando estética, análise e engajamento político. Sua morte encerra um capítulo, mas deixa como herança um legado de inquietação e coragem.


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