Na tarde de 24 de agosto de 1984, Porto Alegre vivenciou um episódio inusitado: flocos de neve começaram a cair sobre a cidade, surpreendendo os moradores e pintando a paisagem com uma camada branca inusitada.

O dia começou ameno e chuvoso, mas a temperatura despencou repentinamente. Por volta das 15h, fazia cerca de 5 °C na capital, e a chuva que caía se transformou em neve, cobrindo ruas, telhados, automóveis e vegetação — especialmente visível em pontos mais altos como o Morro Santa Teresa e o Morro da Polícia.

Em pleno centro histórico, a Rua da Praia e a Praça da Alfândega ficaram irreconhecíveis sob o manto branco que trouxe espanto e admiração aos porto-alegrenses. A neve se estendeu por todas as zonas da cidade — Sul, Leste, Norte e Centro — com maior intensidade nas áreas mais elevadas.

O fenômeno durou entre 30 minutos e uma hora, tempo suficiente para formar uma leve camada sobre superfícies e permitir que curiosos fizessem bonecos de neve improvisados sobre carros e jogassem bolas com os flocos que se acumulavam.

Na região metropolitana e cidades vizinhas, o impacto foi igualmente marcante. Em Santa Clara do Sul, por exemplo, alunos de uma escola aproveitaram o intervalo para brincar na neve acumulada, e professores relataram terrenos brancos como cartões-postais — apesar de a temperatura não ter sido tão extrema como se imaginava.

Essa ocorrência se deu em meio à combinação clássica de um ciclone extratropical costeiro que trouxe umidade, associado à chegada de uma massa de ar polar continental. O contraste entre o ar frio em altitude e a instabilidade resultou na precipitação de neve em áreas de baixa altitude, inclusive em Porto Alegre.

Embora a neve em Porto Alegre seja rara — tendo registros apenas em anos como 1879, 1910, 1994, 2000 e 2006 — o episódio de 1984 se destacou como um dos mais memoráveis e fotogênicos da história recente da cidade.

Hoje, mais de quatro décadas depois, essa tarde de agosto ainda é lembrada como um momento mágico, um raro encontro da capital gaúcha com a neve que até hoje encanta quem teve a sorte de presenciá-la.