Imprensa internacional vê julgamento de Bolsonaro como teste à democracia brasileira e fator de tensão com os EUA
Veículos estrangeiros destacam caráter histórico do processo no STF, possíveis condenações de até 40 anos e impacto nas relações com Donald Trump

O julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), por tentativa de golpe de Estado, ganhou destaque em jornais de todo o mundo. A cobertura internacional aponta o caráter inédito do processo, que coloca pela primeira vez um ex-presidente brasileiro diante da Justiça por tentar subverter o regime democrático.
O Washington Post classificou o julgamento como um marco para o Brasil, destacando que o caso “confronta o país com seu passado autoritário e abre caminho para a responsabilização de líderes poderosos”. Já a Reuters observou que o processo envolve diretamente militares de alta patente e ex-integrantes do governo, em um contexto inédito na história recente da América Latina.
A repercussão também ganhou contornos diplomáticos. Segundo a imprensa internacional, a relação entre Brasil e Estados Unidos passa por momentos de tensão devido ao caso. O presidente americano, Donald Trump, aliado político de Bolsonaro, é citado em análises como um ator que influencia o debate, especialmente após medidas de retaliação econômica adotadas por Washington diante da crise política brasileira.
O Financial Times avaliou que a ação da Justiça brasileira pode ter consequências geopolíticas importantes, reforçando a independência do Judiciário em um cenário de pressão externa. Já a The Guardian trouxe um viés cultural, relatando manifestações simbólicas no país, como a de um trompetista que anunciou tocar a Marcha Fúnebre de Chopin para marcar “o fim político” do ex-presidente.
Bolsonaro e sete ex-integrantes de seu governo respondem a acusações que incluem organização criminosa armada, golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito. Se condenados, podem enfrentar penas superiores a 30 anos de prisão.
O Times of India e a agência AP ressaltaram que o caso brasileiro é acompanhado de perto por outros países, como exemplo da capacidade das instituições em responsabilizar líderes por ataques à democracia.
Com sessões previstas entre os dias 2 e 12 de setembro, o julgamento é apontado por analistas como um momento decisivo para o futuro político do Brasil e para a imagem do país no cenário internacional.
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