PF propõe vigilância 24 horas dentro da casa de Bolsonaro para evitar risco de fuga
Diretor da corporação argumenta ao STF que presença externa de agentes é insuficiente para garantir cumprimento da prisão domiciliar

A Polícia Federal (PF) sugeriu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a permanência de agentes dentro da residência do ex-presidente Jair Bolsonaro para garantir o cumprimento da prisão domiciliar e prevenir eventuais tentativas de fuga.
A proposta foi encaminhada nesta terça-feira (26), em resposta à determinação de Moraes para que o ex-presidente, preso desde 4 de agosto, seja monitorado de forma integral. A decisão do ministro previa a presença contínua de agentes da Polícia Penal do Distrito Federal nas imediações da casa, sem medidas invasivas ou que causem transtornos à vizinhança.
Para o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, o monitoramento externo não oferece segurança suficiente. No ofício enviado ao STF, ele afirma que a alternativa mais eficaz seria designar uma equipe policial para atuar 24 horas dentro do imóvel. O objetivo é evitar que Bolsonaro deixe a residência sem autorização judicial, sobretudo com a proximidade de seu julgamento no processo que apura uma tentativa de golpe de Estado.
Entre os principais argumentos apresentados, a Polícia Federal destaca que o sistema de tornozeleira eletrônica utilizado pelo ex-presidente depende de sinal de telefonia móvel. Em caso de perda de conexão, eventuais violações só seriam registradas após o restabelecimento do sinal — o que, segundo o documento, criaria uma janela de tempo que poderia ser usada para uma fuga.
Outro ponto levantado é a necessidade de controle do fluxo de veículos no condomínio onde Bolsonaro cumpre a medida. Para a corporação, monitorar todas as entradas e saídas seria essencial, mas também potencialmente incômodo para os demais moradores da região.
A PF menciona precedentes que justificam a medida, como o caso do juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, que em 2004 permaneceu sob custódia da Polícia Federal durante prisão domiciliar por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
No documento, o diretor da PF informa que já há entendimento com a Polícia Penal Federal para atuar em conjunto, caso o STF autorize a proposta. Após receber a manifestação, o ministro Alexandre de Moraes encaminhou o pedido para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR). Não há prazo definido para que o procurador-geral, Paulo Gonet, apresente parecer sobre o caso.
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