Ex-secretária da causa animal é investigada por maus-tratos e estelionato
Operação Carrasco cumpriu mandados de busca em Canoas, Porto Alegre e Arroio dos Ratos

Uma ex-secretária da causa animal de Canoas, na Região Metropolitana, é investigada pela Polícia Civil por suspeita de maus-tratos e estelionato. Segundo as apurações, ela teria usado a estrutura do município para realizar eutanásias em grande escala de cães e gatos, além de captar recursos financeiros de forma irregular. A operação, batizada de Carrasco, cumpriu seis mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (4/09).
De acordo com a delegada Luciane Bertoletti, da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas, as denúncias começaram em abril e indicam que entre 15 e 30 animais eram mortos semanalmente. Durante a ação, ao menos 14 bichos foram encontrados já sem vida, armazenados em sacos plásticos dentro de um freezer. Também foi localizado um container fechado e sem ventilação, onde diversos gatos eram mantidos em gaiolas, alguns em condições precárias.
— Diversas denúncias de pessoas que trabalhavam na Secretaria do Bem-Estar Animal davam conta de uma matança indiscriminada de animais. Fotos mostravam os corpos em sacos que eram armazenados ali mesmo e depois levados para incineração em uma universidade — relatou a delegada.
A operação contou com o apoio do Instituto-Geral de Perícias (IGP) e de ONGs de proteção animal, responsáveis por resgatar e encaminhar os animais sobreviventes para locais seguros.
— Eu percebo que é uma eutanásia em excesso pela quantidade de animais e também um ambiente totalmente inadequado. Locais onde entramos não tinham condições nem de suportar o cheiro — afirmou Vladimir da Silva, da Rede de Proteção Ambiental e Animais (REPRAAS), de Teutônia.
Além da atuação no Executivo municipal, a investigada mantinha uma organização voltada ao resgate de animais. Conforme a polícia, ela teria utilizado a chave Pix da instituição para receber doações, mas há suspeita de desvio dos valores. Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos cerca de R$ 100 mil em espécie em sua residência.
As buscas foram realizadas em Canoas, na sede da secretaria, em Porto Alegre e em Arroio dos Ratos, em um sítio de uma parente da ex-secretária. A suspeita é de que a prática também ocorresse nesses locais.
A Polícia Civil apura ainda se animais já adotados ou sob os cuidados da secretaria também foram executados. Segundo as investigações, as mortes ocorreriam porque a eutanásia seria mais barata do que os tratamentos necessários. A ex-gestora poderá responder por maus-tratos e estelionato.
O que diz a Prefeitura de Canoas
"A Prefeitura de Canoas recebe com indignação as denúncias relacionadas à operação realizada na manhã desta quinta-feira (4). A administração municipal sempre se comprometeu a tratar o cuidado com os animais como prioridade. A Prefeitura reitera que colabora com as investigações e abriu um expediente interno para apurar os fatos com todo o rigor.”
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