Leite reage a vaias e acusa interesses políticos em protesto na Expointer
Governador do RS afirma que manifestação foi usada para objetivos eleitorais e destaca ações do Estado em favor do agronegócio

Durante a cerimônia de abertura da 48ª Expointer, nesta sexta-feira (5), em Esteio, o governador Eduardo Leite (PSDB) foi o principal alvo de vaias. Embora a mobilização de agricultores e pecuaristas endividados tenha como foco principalmente a União, o nome de Leite acabou sendo o mais contestado pelos manifestantes.
Em discurso na pista central do Parque Assis Brasil, o governador reconheceu a legitimidade do protesto, mas rebateu as críticas.
— Não tem problema em me vaiar. Já fui vereador de Pelotas e sob vaias virei prefeito. Quando prefeito, fui vaiado e depois eleito governador. Vaiado de novo, fui reeleito. Mesmo com a vaia de vocês, seguirei em frente na minha carreira política para defender o que é certo, o que é justo — afirmou.
Leite acusou setores de usarem a manifestação para uma “tentativa de captura política”, destacando que isso não ajuda na luta dos produtores.
— A dor dos nossos produtores é real, mas não pode ficar ofuscada por interesses eleitorais — disse, dirigindo-se também a representantes do governo federal presentes. Entre os manifestantes estavam nomes da política gaúcha, como os deputados Marcel van Hattem e Luciano Zucco.
O governador também ressaltou ações do Estado em benefício do agronegócio, como a redução de 50% no abigeato, investimentos em estradas, desburocratização de processos de irrigação e a disponibilização de R$ 150 milhões pelo Banrisul para prorrogação de dívidas rurais.
— O Rio Grande do Sul tem o maior programa de recuperação de solos do país e segue trabalhando para dar condições ao produtor rural — completou.
Em relação à crise nacional, Leite cobrou respostas mais robustas da União.
— Celebramos o avanço da Medida Provisória anunciada, mas não está claro se os R$ 12 bilhões serão suficientes. Se for insuficiente, vamos trabalhar para que seja aprimorada no Congresso — afirmou.
O protesto nas arquibancadas da pista central ocorreu de forma pacífica, com faixas, apitos, balões e gritos contra os discursantes, incluindo os ministros Carlos Fávaro e Paulo Teixeira. Coroas de flores e balões pretos lembraram produtores que cometeram suicídio em meio ao endividamento — segundo os organizadores, pelo menos 24 agricultores gaúchos tiraram a própria vida nos últimos anos.
A principal reivindicação do movimento é a aprovação do Projeto de Lei 5.122/2023, que trata da securitização das dívidas rurais, permitindo renegociação em até 15 anos, com três anos de carência. Ainda nesta sexta, o governo federal anunciou uma Medida Provisória que libera R$ 12 bilhões para renegociação de débitos agrícolas, com juros de 6% a 10% ao ano.
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