Nesta sexta-feira (07/05), o prefeito de General Câmara, Helton Barreto, anunciou que o município decretou estado de calamidade pública em razão da invasão de palometas no Rio Jacuí, e vai proporcionar um auxílio financeiro aos pescadores, que ficaram praticamente sem renda após a invasão das piranhas-vermelhas.
Deverão ser pagas duas parcelas de R$ 500 a cerca de 70 pescadores artesanais cadastrados no município. O pagamento será destinado somente àqueles que vivem da pesca e, por isso, será necessário o aval da Colônia de Pescadores e Assistência Social. O recurso será retirado do caixa do município e será coberto por uma emenda parlamentar de R$ 100 mil do deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS).
- Não podíamos mais esperar a inércia dos governos estadual e federal. Os pescadores não têm mais dinheiro para pagar suas contas mais básicas – disse o prefeito Helton Barreto.
Recentemente, o deputado procurou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro da Cidadania, João Roma, para tentar resolver a questão da ajuda para os pescadores, que vivem uma situação dramática. No entanto, segundo ele, há uma indefinição sobre de quem seria a competência neste caso.
- Não vamos esperar pelo governo federal. Eles não deram resposta e, para resolver o problema de forma mais imediata, na terça-feira, vou protocolar uma emenda de recursos livres destinando R$ 100 mil para o Município de General Câmara cobrir o déficit que vai ser gerado para atender os pescadores – disse Goergen, informando que este tipo de recurso é de gasto livre pelo município e é direto, ou seja, não precisa passar por um ministério ou outro órgão.
______________
LEIA TAMBÉM
Invasão de palometas na Bacia do Jacuí é debatida na Assembleia Legislativa
Mais três municípios registram incidência de palometas
Invasão de piranhas-vermelhas pode caracterizar situação de emergência
‘É muito difícil reverter uma invasão biológica’, diz Ibama sobre aumento de piranhas no Jacuí
Ibama abre canal online para registro de aparecimento de piranhas no Rio Jacuí
Piranhas-vermelhas são encontradas no Rio Taquari, em Triunfo
Piranhas surgem no Rio Jacuí e autoridades temem chegada ao Guaíba
__________

A invasão

As piranhas, nativas da Bacia do Rio Uruguai, começaram a aparecer na Bacia do Rio Jacuí há três meses. Em Santo Amaro, a pesca diária caiu de 20 kg para 2 kg por pescador. As palometas mordem ou comem os outros peixes, além de cortar as redes de pesca. Como a renda dos pescadores caiu de cerca de dois salários mínimos para menos de R$ 500, as dificuldades financeiras são muito grandes.
Além de General Câmara, as piranhas-vermelhas apareceram em mais oito municípios da Bacia do Jacuí, segundo o biólogo e analista ambiental do Ibama Maurício Vieira de Souza, totalizando uma área de 300 km. Nesta semana, pescadores de São Jerônimo e da federação das colônias também manifestaram preocupação com a invasão das piranhas no Jacuí.
O assunto foi discutido em uma audiência pública realizada quinta-feira (6/5) na Assembleia Legislativa do RS. O deputado estadual Clair Kuhn (MDB), que é morador de Quinze de Novembro, no Alto Jacuí, manifestou preocupação de que a invasão dos peixes carnívoros possa afetar também a atividade turística da região, especialmente os balneários da Barragem de Passo Real. Por enquanto, não há relatos de pessoas mordidas pelos peixes.
Segundo o analista do Ibama, na audiência foi definida a necessidade de se identificar e interromper o fluxo de entrada das palometas na Bacia do Jacuí. Representantes de universidades destacaram a importância de serem feitas pesquisas antes de iniciar ações de combate às piranhas, como a já sugerida introdução de dourados para predar as invasoras, evitando outros problemas ao ecossistema.

Entre para o grupo do Portal de Notícias no Telegram e receba notícias da região