Ensino técnico cresce 26% em 10 anos no RS e reforça papel estratégico na economia
Estado soma 147,5 mil matrículas em cursos de nível médio técnico, com destaque para áreas da indústria, saúde e tecnologia

Entre 2014 e 2024, o ensino técnico de nível médio no Rio Grande do Sul registrou crescimento de 26,5%, passando de 116,5 mil para 147,5 mil matrículas, segundo dados do Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC). Atualmente, o ensino técnico representa 6,6% do total de estudantes em todas as etapas da educação básica no Estado. No Ensino Médio, cerca de 32% dos 331,2 mil alunos estão matriculados em cursos técnicos.
O levantamento mostra que os cursos são oferecidos de forma concomitante (62,4 mil matrículas), integrada ao Ensino Médio (34,1 mil) ou subsequente, isto é, após a conclusão do ensino regular (42,2 mil).
Apesar do avanço observado ao longo da década, houve queda recente nas matrículas: de 153,9 mil em 2023 para 147,5 mil em 2024. Especialistas consideram o número ainda abaixo do necessário para atender à demanda e apontam que o setor público, em especial, precisa de mais investimentos. O Plano Nacional de Educação, por exemplo, previa triplicar as matrículas na educação profissional e técnica no nível médio até 2024, o que ainda não foi alcançado no RS.
O governo federal prevê a ampliação da oferta com o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que contempla a construção de cinco novos institutos federais no Estado. Outra iniciativa é o programa "Juros por Educação", que propõe usar economias obtidas pela renegociação de dívidas dos Estados para investir no ensino técnico. Em âmbito estadual, políticas afirmativas também vêm sendo implementadas, como a reserva de 30% das vagas para candidatos pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência. Atualmente, está aberto processo seletivo com 8,8 mil vagas em 116 instituições da rede.
A importância do ensino técnico vai além da formação profissional. Especialistas apontam que ele contribui diretamente para o desenvolvimento econômico, a mobilidade social e a qualificação de mão de obra em diversas regiões do Estado. A carência de profissionais capacitados em setores estratégicos impulsiona a criação de novos cursos, como o Técnico em Biocombustíveis da Universidade de Passo Fundo (UPF), que busca atender à crescente demanda da indústria sustentável.
A formação técnica está alinhada com as necessidades regionais e os desafios enfrentados pela indústria gaúcha, composta por cerca de 53 mil empresas. A produtividade, a inovação e a atualização constante de processos são apontadas como fatores essenciais para a competitividade industrial — e a qualificação técnica é considerada peça-chave nesse processo. Dentro do Sistema S (Sesi, Senai e IEL), os cursos oferecidos abrangem desde áreas como programação, robótica e inteligência artificial até setores mais tradicionais, como química, metalmecânica e eletroeletrônica.
Os institutos federais também cumprem papel relevante na formação técnica no Estado, com 42 unidades em funcionamento e outras cinco em construção. Instituições como o IFFar, o IFSul e o IFRS têm forte vínculo com os arranjos produtivos locais, garantindo aos alunos alta taxa de empregabilidade e desempenho em avaliações externas.
A procura por cursos nas áreas de informática, meio ambiente, saúde, gestão e tecnologia da informação segue elevada. O setor de saúde, em particular, concentra grande parte das matrículas, com cursos como enfermagem, radiologia, nutrição e análises clínicas. Gestão de negócios (administração, logística, contabilidade e RH) e tecnologia da informação (informática, redes e sistemas para internet) também figuram entre os eixos mais buscados.
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