Horário de verão pode ser adotado em 2025 para reforçar sistema elétrico, aponta ONS
Operador Nacional do Sistema avalia medida para enfrentar déficit de potência e evitar riscos no fornecimento de energia

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) avalia recomendar ao governo a retomada do horário de verão ainda este ano como forma de reforçar a capacidade de atendimento à demanda de energia no horário de pico. A medida poderia representar um acréscimo de pelo menos 2 gigawatts (GW) no Sistema Interligado Nacional (SIN). A decisão precisa ser tomada até agosto, já que a implementação exige ao menos três meses de antecedência. As informações são do Estadão.
O alerta consta no Plano de Operação Energética (PEN) para o período de 2025 a 2029, que confirmou o diagnóstico de déficit de potência observado em avaliações anteriores e aponta um agravamento da situação. De acordo com o ONS, o sistema elétrico nacional apresenta atualmente uma sobreoferta de energia, mas sem garantia de atendimento da demanda nos horários de maior consumo, especialmente no período noturno.
A situação se torna mais crítica diante da ausência de novos leilões para contratação de energia neste ano, apesar das recomendações feitas desde 2021 para que fossem realizados anualmente. Como resposta, o governo tem antecipado a entrada de projetos contratados no Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) de 2021 e ampliado o uso de termelétricas. Também está prevista a possibilidade de importação de até 2,5 GW de energia de países vizinhos.
Outro recurso que pode ser utilizado é a chamada “resposta da demanda”, com a contratação de grandes consumidores para reduzir o uso de energia em horários de pico mediante compensação financeira. Os resultados desse mecanismo serão conhecidos no dia 16 de julho. No ano passado, a medida representou uma economia de apenas 100 megawatts (MW).
O crescimento da geração de energia no país tem sido puxado principalmente pela fonte solar, que não contribui com potência à noite. A previsão para os próximos anos indica uma expansão da mini e microgeração solar de 35 GW para 64 GW, enquanto a geração solar centralizada deve passar de 16,5 GW para 24 GW. Já a energia eólica deve crescer de 32,5 GW para 36 GW. Mesmo com esse aumento, o problema da oferta de potência permanece, já que essas fontes não suprem a demanda noturna.
Caso as chuvas atrasem mais uma vez em 2025, os meses de outubro e novembro devem ser os mais críticos. Nesse cenário, o ONS defende que um novo leilão de reserva de capacidade seja realizado o quanto antes, com foco em atender as necessidades previstas para 2026.
O PEN indica que já não há tempo hábil para novas contratações com impacto no fornecimento de 2025. Assim, a possível adoção do horário de verão surge como uma das poucas alternativas imediatas para mitigar o risco de desabastecimento nos momentos de maior consumo.
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