Durante reunião-almoço com a diretoria da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), nesta quarta-feira (16/07), o governador Eduardo Leite anunciou a liberação de R$ 150 milhões do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) para subsidiar e equalizar os juros de dívidas rurais contratadas junto ao Banrisul, que não foram contempladas pela recente resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN).

A iniciativa tem como foco produtores de municípios que decretaram situação de emergência ou calamidade durante as enchentes de 2024, permitindo a prorrogação de operações de crédito com vencimento previsto para 2025. Segundo o governo estadual, o objetivo é garantir fôlego financeiro aos agricultores familiares e produtores de pequeno e médio porte, impulsionando a retomada da produção rural.

— Estamos falando de um investimento público que busca dar fôlego aos produtores, proteger empregos e garantir a continuidade da produção. O Estado está fazendo a sua parte para complementar as medidas federais e atender quem ficou de fora da cobertura original — afirmou Leite.

Renegociação de até R$ 3 bilhões em crédito

A projeção é que o subsídio permita a renegociação de até R$ 3,04 bilhões em crédito rural. As condições incluem manutenção dos juros originais e pagamento escalonado a partir de 2026. O modelo foi elaborado em parceria com o Banrisul e utiliza metodologia técnica baseada em índices climáticos, dispensando a exigência de laudos individuais para comprovação de perdas.

O Estado também se compromete a cobrir até R$ 136 milhões no primeiro ano, caso o governo federal demore a formalizar sua parte no financiamento. A medida foi detalhada pelo secretário de Agricultura, Edivilson Brum, que acompanhou o governador na reunião com a Farsul.

Contexto de perdas e apelo por apoio federal

A safra 2024/2025 foi marcada por perdas severas, com destaque para uma queda de até 27% na produção de soja, impactada por estiagens e enchentes. O prejuízo total ao setor agropecuário gaúcho é estimado em mais de R$ 10 bilhões. O setor representa cerca de 40% do PIB do Rio Grande do Sul, sendo um dos principais motores econômicos do estado.

Diante desse cenário, o governo estadual reforça o apelo por apoio imediato da União, afirmando estar disposto a formalizar convênios que garantam maior alcance à medida e evitem o comprometimento da produção no campo.

Participantes da reunião

Além de Leite e Brum, participaram da agenda o presidente da Farsul, Gedeão Pereira; a secretária da Fazenda, Pricilla Santana; o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa; o chefe da Casa Civil, Artur Lemos; o secretário da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi; o secretário do Trabalho, Gilmar Sossella; o secretário de Cultura, Eduardo Loureiro; o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo; a secretária de Relações Institucionais, Paula Mascarenhas; e o presidente do Banrisul, Fernando Lemos.