O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (2/09) que não há motivo para temer possíveis sanções dos Estados Unidos em razão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). O petista destacou que cada país deve respeitar a soberania e as instituições do outro.

— O que está acontecendo nos EUA é que ele desacreditou de qualquer coisa que tínhamos como conhecimento na história da humanidade: de um governo se meter a julgar o comportamento da Justiça de outro país — declarou Lula. — Acho que as pessoas precisam aprender a respeitar. Cada um toma conta do seu terreno.

O presidente voltou a criticar Donald Trump, afirmando que o republicano “não foi eleito para ser imperador do mundo”, e classificou a postura do líder americano como “inacreditável”. Segundo ele, as negociações com os Estados Unidos estão sendo conduzidas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Lula reconheceu que os EUA têm o direito de estabelecer tarifas comerciais, mas frisou que devem fazê-lo em conformidade com as regras internacionais. Ele lembrou que o Brasil já acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) em disputas com Washington e disse esperar uma mudança de postura por parte de Trump.

— Sinceramente, eu espero que, em algum momento, aconteça alguma coisa na cabeça do presidente Trump, e ele perceba: ‘Puxa vida, tem que negociar’. Não só com o Brasil, mas com a China, a Índia, a Venezuela, com todo mundo — afirmou.

O presidente reforçou ainda a importância do diálogo multilateral:

— O mundo de paz que nós queremos construir depende de nós, não de ninguém. Só depende de nós. E o Brasil faz parte de um continente reconhecido como zona de paz.

As declarações foram feitas após Lula prestar condolências no velório do jornalista Mino Carta, fundador da CartaCapital, em São Paulo. Também participaram da cerimônia o ministro da Comunicação, Sidônio Palmeira; o ministro do Trabalho, Luiz Marinho; e o presidente nacional do PT, Edinho Silva.