Defesa nega que de Garnier tenha colocado Marinha à disposição de golpe
Advogado afirma que não há provas concretas contra o militar, julgado no STF por suposta participação em trama golpista

O advogado Demóstenes Torres, responsável pela defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, negou nesta terça-feira (2/9) que o militar tenha colocado tropas à disposição para sustentar um golpe de Estado após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.
A declaração foi feita durante o julgamento da Ação Penal 2.668, que apura a chamada trama golpista, conduzido pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Garnier é um dos oito réus apontados pelo Ministério Público como parte do “núcleo crucial” do plano para impedir a posse de Lula.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), em reunião no Palácio do Planalto, em 7 de dezembro de 2022, com a presença dos três comandantes das Forças Armadas, Garnier teria tido acesso a uma minuta golpista e colocado suas tropas à disposição do projeto de ruptura.
A defesa, no entanto, contesta a acusação. “O Procurador-Geral da República ficou apenas com a afirmação de que ele teria colocado tropas à disposição, evidentemente por ausência de lastro”, afirmou Demóstenes Torres, ressaltando que não há provas consistentes que sustentem a denúncia.
A PGR acusa o ex-comandante de crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
O julgamento foi retomado na tarde desta terça-feira com as sustentações orais das defesas. Pela manhã, o relator Alexandre de Moraes leu o relatório do processo, seguido pelo pedido de condenação apresentado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.
A primeira defesa a se manifestar foi a do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que negou coação na delação premiada prestada à Polícia Federal — peça central da acusação contra os oito réus, incluindo Garnier e o próprio ex-presidente.
Quem são os réus?
- Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
- Alexandre Ramagem - ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier- ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres - ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno - ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Paulo Sérgio Nogueira - ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto - ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022;
- Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Primeiro dia
Pela manhã, o relator, ministro Alexandre de Moraes, leu o relatório da ação penal, documento que contém o resumo de todas as etapas percorridas no processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, última fase antes do julgamento.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação de Bolsonaro e dos demais acusados.
Foram destinadas oito sessões para análise do caso, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro.
A votação que vai condenar ou absolver os réus deve começar somente nas próximas sessões. As penas podem passar de 30 anos de prisão.
COMENTÁRIOS