Tanure avança rumo ao controle da Braskem após aprovação do Cade
Órgão antitruste deu sinal verde para negócio que pode transferir comando da maior parte do polo petroquímico de Triunfo ao empresário baiano

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, nesta quinta-feira (17), sem qualquer restrição, o negócio que pode tornar o empresário Nelson Tanure o controlador da Braskem — principal companhia do polo petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul. A decisão representa um passo decisivo no processo, mas a operação ainda depende de outras condições para ser finalizada.
A aprovação refere-se à transação envolvendo ações da NSP Investimentos, controladora da Novonor (antiga Odebrecht), que detém hoje 38,3% do capital total da Braskem. A fatia seria transferida ao Petroquímica Verde Fundo de Investimento em Participações, veículo usado por Tanure, que passaria a deter indiretamente o controle da petroquímica.
Apesar do aval do Cade, restam obstáculos importantes. Um deles é o acordo de acionistas com a Petrobras — que possui 36,1% da Braskem — e tem direito de preferência na aquisição das ações. Outro é o passivo bilionário da empresa em Alagoas, resultado de danos causados por mineração de sal-gema em Maceió, estimado em R$ 18 bilhões.
Em comunicado, a Braskem destacou que a decisão ainda está sujeita ao prazo legal de 15 dias para eventuais manifestações de terceiros ou avocação pelo tribunal do Cade.
Nelson Tanure é um nome conhecido do mercado, embora evite os holofotes. Filho de um comerciante libanês, construiu sua trajetória adquirindo empresas em crise ou endividadas. Já teve participações em companhias como Oi, Gafisa e Light, além de jornais como o Jornal do Brasil e a Gazeta Mercantil. Seus negócios, frequentemente controversos, costumam envolver disputas judiciais e reestruturações agressivas.
Atualmente, além da negociação com a Braskem, Tanure avalia a aquisição da rede espanhola de supermercados Dia no Brasil, com 246 lojas, e uma eventual fusão com o grupo GPA, dono das marcas Pão de Açúcar e Extra.
A Braskem está à venda desde 2018, quando a Novonor enfrentou grave crise financeira após ser atingida pela Operação Lava-Jato. Desde então, várias tentativas de venda foram frustradas — incluindo uma negociação com a estatal de petróleo Adnoc, dos Emirados Árabes. A mais recente tentativa havia sido liderada por bancos credores da Novonor, que propuseram assumir o controle da Braskem por meio do fundo Geribá.
Agora, com o avanço nas negociações, Tanure pode se tornar o novo protagonista de um dos setores mais estratégicos da economia brasileira — e também de um dos maiores polos industriais do Sul do país.
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