Indústria gaúcha teme impacto de tarifa de 50% dos EUA sobre exportações
Três segmentos industriais do RS exportam mais de 40% de sua produção para os Estados Unidos
Representantes da Fiergs compareceram a comissão da Assembleia nesta quarta-feira A possível aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acendeu um alerta no setor industrial gaúcho. Em audiência pública realizada nesta quarta-feira (16) na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo da Assembleia Legislativa do RS, representantes da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) expuseram os riscos da medida, que pode afetar fortemente segmentos que exportam para o mercado norte-americano.
De acordo com o presidente da Fiergs, Cláudio Bier, algumas empresas no Estado têm mais de 90% de seu faturamento atrelado às exportações para os EUA. Ele fez um apelo por cautela e diálogo institucional:
— É hora de engolir sapos. A indústria brasileira, especialmente a gaúcha, depende dessa relação. Precisamos resolver isso com paciência.
O economista-chefe da Fiergs, Giovani Baggio, apresentou um estudo que mostra que três segmentos industriais do RS exportam mais de 40% de sua produção para os Estados Unidos:
- Produtos de metais: 45,8%
- Minerais não metálicos: 44,4%
- Máquinas e materiais elétricos: 42,5%
Já entre os ramos industriais mais expostos, destacam-se:
- Armas de fogo e munições: 85,9% das exportações voltadas aos EUA
- Transformadores e conversores elétricos: 79,3%
- Componentes para freios de veículos: 53,1%
- Calçados de couro, um dos principais empregadores do Estado, com 47,5% das exportações destinadas ao mercado norte-americano em 2024
A Fiergs calcula que, no pior cenário — com o fechamento de empresas dependentes das exportações aos EUA —, o impacto pode chegar a 145 mil postos de trabalho perdidos no Rio Grande do Sul.
Luciano D’Andrea, gerente de Relações Internacionais da entidade, afirmou que a Fiergs está atuando em articulação com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e fornecendo dados ao governo federal para contribuir com a tentativa de reverter ou adiar a medida:
- Nosso foco é apoiar tecnicamente a parte negocial. A prioridade agora é evitar a entrada em vigor da tarifa em 1º de agosto.
Incertezas permanecem
A carta enviada por Donald Trump ao governo brasileiro não especifica se a tarifa de 50% incidirá sobre todos os produtos ou apenas sobre determinados itens. Isso dificulta a estimativa precisa do impacto econômico total para o RS.
Clima político tenso
A audiência transcorreu de forma tranquila até seu encerramento, quando um comentário do deputado Gustavo Victorino (Republicanos), presidente da comissão, gerou tensão. Ele provocou os parlamentares do PT, dizendo:
- Peçam ao seu presidente para calar a boca.
O deputado Miguel Rossetto (PT) reagiu, classificando a fala como desrespeitosa. A sessão foi encerrada em meio a um bate-boca entre os parlamentares.
Exportações gaúchas com maior exposição aos EUA
Por segmento industrial:
- Produtos de metais – 45,8%
- Minerais não metálicos – 44,4%
- Máquinas e materiais elétricos – 42,5%
- Madeira – 30,1%
- Outros equipamentos de transporte – 25,8%
Por ramo específico:
- Armas e munições – 85,9%
- Transformadores e conversores – 79,3%
- Peças para freios de veículos – 53,1%
- Minerais não metálicos diversos – 52,7%
- Produtos petroquímicos básicos – 52,5%
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