Bolsonaro nega relação com tarifaço de Trump e diz não ter influência sobre governo dos EUA
Em entrevista, ex-presidente afirma que Eduardo Bolsonaro ‘não pode falar em nome do governo brasileiro’

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter qualquer envolvimento com a tarifa de 50% imposta pelo governo Donald Trump sobre produtos brasileiros. Em entrevista concedida por videoconferência à jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, nesta segunda-feira (21/07), Bolsonaro afirmou que não tem contatos com autoridades americanas e que seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), não tem autorização para negociar em nome do governo brasileiro.
— Isso é lá do governo Trump. Não tem nada a ver com a gente. Querem colar na gente os 50%. Mentira — declarou Bolsonaro, que estava acompanhado do advogado Paulo Cunha Bueno durante a conversa.
Questionado sobre a possibilidade de atuar para reverter a medida, o ex-presidente respondeu:
— Eu não tenho contato com autoridades americanas.
A medida anunciada por Trump mencionou diretamente Bolsonaro, chamando de “vergonha internacional” o julgamento a que o ex-presidente responde no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar disso, Bolsonaro continuou demonstrando admiração por Trump.
— Tenho profunda gratidão e respeito por ele. Tivemos um excelente relacionamento. Em 2019, ele queria taxar o aço e o alumínio e eu conversei com ele, e ele não taxou.
Bolsonaro também criticou o governo do presidente Lula (PT), alegando que até hoje não houve esforço por parte do atual governo para negociar diretamente com o ex-presidente norte-americano.
Eduardo Bolsonaro não representa o Brasil, afirma Bolsonaro
A entrevista também abordou o papel de Eduardo Bolsonaro na interlocução com representantes dos Estados Unidos. Apesar de já ter dito anteriormente que Eduardo liderava as negociações relacionadas à taxação, Bolsonaro recuou nesta segunda-feira.
— Ele não pode falar em nome do governo brasileiro — afirmou. Segundo o ex- presidente, ele chegou a pedir que o filho “medisse as palavras”, embora tenha defendido que Eduardo é “uma pessoa responsável” e que “está fazendo um trabalho pela nossa liberdade”.
Bolsonaro preferiu não comentar se o filho deve retornar ao Brasil. Eduardo está licenciado do mandato, com o afastamento vencido desde o último domingo (20).
“US$ 14 mil não é quase nada”, diz ex-presidente
Ao comentar a apreensão de US$ 14 mil em espécie pela Polícia Federal durante operação na última sexta-feira (18/07), Bolsonaro minimizou a quantia.
— Você acha que 14 mil dólares é muita coisa? Eu tenho um bom recurso no banco. Cheguei a ter R$ 17 milhões lá atrás, do Pix, né. Caiu bastante, mas ainda tem um bom recurso. Então, perto disso, não é quase nada.
Ele também comentou o pen drive encontrado pela PF no banheiro de sua casa, dizendo ter ouvido que o conteúdo se resumia a “música gospel e foto de família”. A perícia apontou que não há informações relevantes para a investigação.
Bolsonaro defende anistia e promete seguir ativo politicamente
Durante a entrevista, Bolsonaro voltou a defender uma anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — o que poderia beneficiá-lo judicialmente — e afirmou que pretende continuar atuando politicamente.
— Como um animal político, eu vou continuar discutindo todos os assuntos com todo mundo. O Congresso pode discutir a anistia. Mas aí vem alguém do Supremo e diz que, se aprovar, vai declarar inconstitucional. Aí acabou a conversa.
Segundo ele, mesmo com as restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, pretende participar de reuniões da bancada do PL no Congresso.
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