Golpes de falsos investimentos se multiplicam na internet e fazem vítimas até entre usuários experientes
Na Região Carbonífera, vítima perdeu mais de R$ 50 mil ao acreditar em promessas de lucros rápidos com criptomoedas

Golpes de falsos investimentos em plataformas virtuais têm se tornado cada vez mais sofisticados, atraindo não apenas usuários desavisados, mas também pessoas com alto grau de instrução e experiência em ambientes digitais. A promessa de lucros rápidos e muito superiores aos oferecidos pelo mercado tradicional é a principal armadilha usada por golpistas.
De acordo com o diretor do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DERCC), Delegado Eibert Moreira, esses crimes se valem de estratégias de engenharia social avançadas, que agora contam até com o uso de Inteligência Artificial.
— A Polícia Civil elevou o combate ao crime em ambiente virtual como prioridade. Foi um grande passo, um grande avanço, é o primeiro departamento do Brasil que tem essa temática — disse.
Segundo o delegado, os golpes envolvendo investimentos fraudulentos aumentaram significativamente desde a pandemia da Covid-19. As vítimas geralmente são atraídas para plataformas que simulam instituições financeiras, com supostos corretores que orientam sobre aplicações falsas e lucrativas.
— Na sequência, o falso corretor indica como fazer os investimentos, a pessoa deposita o dinheiro e enxerga os lucros em criptomoedas ou em algum ativo investido com rentabilidade acima da média. Uma vez que o dinheiro está circulando, o falso corretor vai indicando outras possibilidades e soluções ainda melhores.
— Assim, a vítima deposita cada vez mais dinheiro e, no fim, não consegue tirar — revela.
Esse foi o caso de um morador de Charqueadas, na Região Carbonífera, que registrou ocorrência após perder R$ 56.089,00 em um esquema semelhante. Conforme relatado à polícia, ele encontrou uma plataforma de investimentos pelo Instagram e passou a ser orientado em um grupo de WhatsApp sobre aplicações em criptomoedas que ainda seriam lançadas no mercado. Após investir inicialmente R$ 10 mil, viu seu saldo fictício atingir mais de 76 mil dólares em menos de duas semanas. Para conseguir sacar os valores, foi instruído a pagar supostas taxas e impostos, totalizando mais R$ 46 mil em transferências. O aplicativo parou de funcionar e os contatos desapareceram.
O delegado Marco Schalmes, responsável pela Delegacia de Charqueadas, informou que imagens das conversas e comprovantes dos depósitos foram anexadas à investigação. A vítima apresentou ainda capturas de tela do grupo e dos números dos administradores. É um tipo de crime que vem se repetindo com frequência e que exige atenção redobrada por parte dos usuários.
O diretor do DERCC alerta que, diferentemente do passado, os alvos agora são pessoas que dominam o ambiente virtual.
— A gente transita no ambiente virtual sem de fato conhecê-lo. Por isso, a sugestão é sempre desconfiar de grandes retornos desses investimentos que oferecem rentabilidade acima da média.
A orientação da Polícia Civil é clara: não realizar transferências via Pix, boleto ou cartão para plataformas sem conferir sua regularidade junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em caso de golpe, a recomendação é registrar o boletim de ocorrência na delegacia mais próxima ou pela Delegacia On-line, reunindo todas as provas disponíveis — e-mails, conversas, chaves Pix, perfis nas redes sociais e comprovantes de pagamentos.
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