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São Jerônimo, RS,13/07/2025

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Josué Araújo: de lavador de carros a pós-graduado em Direito

De origem humilde, filho de faxineira e pedreiro formou-se em Direito e reconhece quem lhe ajudou a superar obstáculos

Arquivo Pessoal
Josué Araújo: de lavador de carros a pós-graduado em Direito Josué Araújo com os país recebendo a credencial da OAB
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Carla
Miller Trainini




A palavra gratidão tem sua origem no latim “gratia”, que em sua tradução
literal significa agradável. Assim, entende-se que gratidão significa ser
grato a algo ou alguém. Em outras palavras, reconhecer aquilo que nos faz
evoluir como ser humano.


De acordo com a psicóloga Juliana da Rosa Linassi, pós-graduanda em Educação e
Contemporaneidade pelo Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), câmpus
Charqueadas, gratidão vem do “sentir empatia”, capacidade de projetar a
personalidade de alguém num objeto, de forma que este pareça como que
impregnado dela.


- Acredito que para ser grato precisamos praticar a empatia e essa traz consigo
o altruísmo, a capacidade se de colocar no lugar do outro e sentir como este.
Muito se popularizou o termo “gratidão” nas redes sociais, mas o que ele
realmente significa é agradecer até mesmo pelos obstáculos que a vida nos
impõe, pois são exatamente eles que nos fortalecem, e não somente agradecer as
boas oportunidades com que nos deparamos na vida. É agradecer o todo e o tudo –
explica a psicóloga, que também está se formando em Terapia Comportamental
Dialética.


É o que nos mostra a história de vida do jeronimense Josué Araújo. De origem
humilde, filho de faxineira e pedreiro que sustentaram uma família de dez
irmãos, ele relata como venceu todos os obstáculos até conseguir alcançar o
sonho de se tornar advogado. Hoje, aos 38 anos, comemora o fato de ter
conseguido resolver as pendências que impediam sua mãe de se aposentar.




PRIMEIRO EMPREGO



Araújo morou até a adolescência em uma chácara afastada do centro de São
Jerônimo. Sem água encanada ou energia elétrica, traz em seu dedo um calo de
escrever a lápis quando a iluminação disponível era apenas de um lampião.


Aos 14 anos, quando seus pais se divorciaram, sua vida mudou completamente. A
mãe saiu de casa levando consigo os filhos, sem ter para onde ir. Foi em um
terreno na Rua Sete de Setembro, no Bairro Cidade Baixa, que ela montou uma
barraca de lona que passaria a ser sua nova residência. Na primeira noite, no
entanto, um temporal devastou o acampamento improvisado. Mesmo assim, ela não
desistiu de batalhar e continuou sustentando os filhos com o dinheiro que ganhava
fazendo faxinas.


Aluno de escola pública, Araújo sempre gostou muito de estudar. Por ser
excelente em sala de aula, ganhou a primeira oportunidade de trabalhar. Foi
neste momento que começou a contribuir financeiramente dentro de casa. O
emprego conquistado foi um estágio na antiga Usina de São Jerônimo.


- Fui um dos melhores alunos da rede pública e naquela época a CEEE estava
entregando o comando da usina, que virou CGTEE. Foi quando eu participei de um
programa chamado “Bom menino”, uma oportunidade de estágio para jovens
estudantes. Concorri com 14 pessoas de diversas escolas, em 1994, e fui
escolhido pela Vera Lucia Figueira Gonçalves (foto acima) por eu ter sido um
bom aluno. A partir dali, com 14 anos, passei a sustentar minha casa. Eu
ganhava auxílio alimentação, recebia meu salário todo mês e dessa forma
conseguia contribuir – relembra Araújo, que nunca passou fome, mas viu sua mãe
deixar de comer para que ele pudesse se alimentar.




ONDE NASCEU O SONHO DE SER ADVOGADO



Araújo sempre gostou de estudar. Ele conta, inclusive, que brigava em casa por
conta disso porque, na época, “estudar não dava dinheiro”, explica. Mesmo assim,
nunca desistiu. Entre 17 e 18 anos, terminou o Ensino Médio e procurou novas
oportunidades para continuar estudando.


O sonho de cursar uma faculdade sempre existiu, porém, não sabia em qual área e,
também, a falta de condições financeiras o impedia de concretizá-lo. Decidiu
fazer cursos técnicos e se formou em diversos deles, todos em escolas públicas.
Foi em um desses que conheceu dois professores que tiveram muita influência em
sua vida: Rosângela Rachid Scheid e Voltaire Missel Michel (falecido em
dezembro de 2016).


- Quando fiz o curso de Técnico em Contabilidade, tive aula com o doutor
Voltaire. Foi por influência dele que escolhi o Direito. Eu não tinha um
objetivo exatamente, não era um sonho ser advogado. Foi nas aulas dele que
nasceu o desejo de seguir essa carreira. Eu tinha vontade de estudar, mas não
sabia qual curso. Ele despertou isso em mim – destaca.


Enquanto fazia os cursos técnicos, a vontade de entrar para uma faculdade ia
aumentando. Como sempre foi bom aluno, despertou na professora Rosângela a
vontade de ajudar de alguma maneira. Ela, então, pagou sua inscrição para o
vestibular e o incentivou a fazer.


- Comentava com a professora Rosângela que meu sonho era cursar Direito, mas
eu não tinha condições financeiras para pagar uma faculdade. Na época, eu
trabalhava na extinta Prodorme, uma fábrica de colchões que faliu. Eu ganhava
muito pouco, meu salário era baixo pra conseguir me sustentar, ajudar em casa e
pagar uma faculdade. Ela me dizia “sonho é sonho, temos que lutar por ele, um
dia vai dar certo”. Aí quando terminei o curso, eu estava triste porque não sabia
o que ia fazer e não tinha nenhuma perspectiva. Na mesma época a empresa estava
fechando, então eu vinha de uma sequência de fatores negativos, e ela
simplesmente foi lá e pagou minha inscrição no vestibular da Ulbra e me disse
“eu acredito em ti, vai lá e faz, quero saber o que tu sabes”. Eu expliquei que
não tinha condições de pagar, mas mesmo assim ela insistiu e eu fui fazer -
relembra.


Araújo passou no vestibular na primeira tentativa, no entanto, havia ficado
desempregado recentemente, o que tornava o sonho ainda mais distante de ser
alcançado. Ele explica que foi justamente o fato de ter ficado desempregado que
garantiu que conseguisse alcançar o seu objetivo.


- Fiz o vestibular, passei e não dei nenhuma importância para aquilo. Nesse
meio tempo fiquei desempregado e falei pra ela que naquela hora, mais do que
nunca, não tinha como cursar, que não importava o fato de eu ter passado no
vestibular. Ela não desistiu de mim e disse para ir à universidade. Na Ulbra a
regra era que o mínimo de cadeiras que eu poderia fazer naquele momento seria
três. Por uma questão divina, eu encaminhei meu seguro-desemprego e o valor que
eu tinha para receber era exatamente o que teria que pagar de mensalidade. Eu
entendi aquilo como um sinal divino na minha vida, então eu tomei a decisão de
me matricular, porque cinco meses eu tinha garantido que conseguiria pagar e,
depois, eu daria um jeito – comenta Araújo, que começou a cursar Direito na
Ulbra São Jerônimo no primeiro semestre de 2005.




PRIMEIRO DIA DE AULA



Para sua surpresa, o primeiro dia de aula na faculdade foi com o professor
Voltaire.


- Nessa trajetória da graduação, tive a sorte de contar com excelentes
professores. Minha primeira aula foi com o doutor Voltaire, porque eu saí de um
curso técnico onde ele que me incentivou a cursar Direito e quando cheguei à
faculdade ele que está na sala, no meu primeiro dia de aula. Lembro que eu
sentava na primeira classe e ficava acompanhando cada gesto que ele fazia. O
que mais me chamava atenção é que ele tinha uma técnica sensacional para dar
aula, não levava livros, simplesmente começava a falar. Quando a turma começava
a dispersar, ele começava a baixar o tom de voz até que os alunos se davam
conta e paravam de falar para poder entender o que ele estava dizendo. Isso me
marcou muito – relembra Araújo, que considerava o professor como o exemplo de
profissional que ele tinha vontade de ser. Oito anos depois, em 2014, conseguiu
concluir a graduação.


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PASSAGEM NEGATIVA NA CARREIRA




Araújo conta que enquanto cursava Direito, teve diversas oportunidades de
trabalhar em grandes escritórios. Em uma dessas chances decidiu aceitar uma
proposta de emprego. Trabalhou durante três meses sem receber nenhum dos
salários a que teria direito.


- Nessa época, um amigo me procurou dizendo que iria encaminhar uma pessoa do
interior para esse escritório para ver o que poderia ser feito pela sua causa.
Este senhor chegou ao escritório e a colega em questão estava jogando algum
joguinho no computador. Recebi o cliente e prestei o primeiro atendimento.
Passei a ela a situação e pedi que ele entrasse para que pudessem
conversar. Ele entrou em sua sala, não chegou ficar um minuto e ela o
dispensou, devolveu o cliente para mim e disse “manda embora” – conta.


Durante o atendimento, a revolta ia aumentando, porque a profissional realmente
não queria atender o cliente. Araújo explica que a colega chegou a cobrar um
valor fora da realidade para que o cliente fosse embora. Mesmo assim ele pagou
o valor pedido.


- Voltei a falar com ele e orientei a procurar a Promotoria Pública, mas ele
insistiu que queria ser atendido por aquele escritório. Foi quando ela me
repassou um valor altíssimo e injusto para cobrar, com uma cara de nojo que era
para o cliente não aceitar o preço e ir embora. Mesmo assim ele tirou uma
sacolinha do bolso e contou o valor que ela tinha pedido e me deu. Fiz todo o
procedimento com uma raiva imensa. Peguei aquele dinheiro e atirei na mesa
dela. Aquele dia eu saí porta afora e nunca mais voltei - conta.


Foi presenciando essa situação de preconceito e um pré-julgamento equivocado
que ele decidiu que teria seu próprio escritório.


- Ela foi muito preconceituosa, disse “manda embora, esse daí não tem
condições, sente o fedor que ele está”. Aquilo me revoltou muito. Eu vivi muitos
anos no meio do mato, cozinhava em fogão à lenha, secava a roupa nele também,
fica um cheiro característico, não adianta, era cheiro de fumaça, não tinha o
que fazer. E esse cliente era do interior, humilde, então me identifiquei muito
com aquela situação. Foi onde aprendi o que eu não deveria ser como advogado.
Nesse momento eu vi que deveria escrever o meu nome e advogar por mim mesmo - ressalta.




INFLUÊNCIA DO GRUPO LEBES



Entre 1996 e 1997, Araújo conta que o Grupo Lebes precisava de pessoas para trabalhar
em uma rampa de lavagem de carros. Seu pai, João Elias Araújo, concorreu com
diversos interessados. Otélio Drebes, fundador do grupo, acreditou nele e disse
que poderia ficar com o ponto, localizado em frente ao CTG. Na época nenhum
contrato foi feito e o acordo era de que não seria pago nenhum aluguel, mas em
troca deveriam ser lavados todos os carros da família sempre que necessário.


- Ficamos 15 anos naquele local, um acordo entre cavalheiros, não tinha nenhum
contrato. Eles nos deram a oportunidade de trabalhar lavando os carros da
família em troca de aluguel, enquanto ganhávamos dinheiro lavando os carros dos
outros clientes – explica Araújo.


Em 2010 o grupo pediu de volta o terreno. Na busca por outro local para
instalar a lavagem de carros, ele precisou suspender a faculdade de Direito
porque não tinha condições de pagar os funcionários, enquanto precisava
procurar um novo lugar para montar o negócio.


- Procuramos outro lugar, o pai vendeu a chácara onde morávamos e com esse
dinheiro conseguimos comprar o terreno que é onde mantemos a lavagem até hoje. Sou
muito grato pela oportunidade que o grupo Lebes nos deu. Foi graças a eles que
meu pai saiu do campo, conseguiu montar seu próprio negócio e com o dinheiro
que ganhei lavando carros paguei toda minha faculdade – destaca Araújo, que
cursou Direito sem precisar pedir dinheiro emprestado a ninguém, nem fazer uso
de cotas ou tentar algum tipo de bolsa ou crédito educativo.






O PRIMEIRO CASO



Araújo relembra do começo da carreira, em fevereiro de 2016, quando finalmente
conseguiu montar seu escritório próprio. A expectativa, segundo conta, era de
que pegaria um caso e ele seria resolvido de imediato.


- O primeiro caso que peguei foi uma prova: uma senhora bem magrinha, de mão
com quatro filhos pequenos. Ela queria cobrar alimentos do pai, que havia
sofrido um acidente e estava inválido. Ele pagava, mas depois do acidente,
parou de contribuir e a família dele começou a usar o dinheiro que recebia
da previdência e não repassava aos filhos. Entrei com o processo achando que no
dia seguinte tudo estaria resolvido. Ledo engano – brinca.


O tempo foi passando e nada do processo ter andamento. Frustrado, decidiu
ir até a residência da cliente para tentar ver outra forma de ajudar. Acabou
ficando sem os honorários, mas com a situação resolvida.


- Entrei com a execução de alimentos, mas o processo não andava, o tempo foi
passando e nada. Aquilo ia me consumindo por dentro. Peguei meu carro e fui até
a casa da família, por minha conta, depois de ter encaminhado o processo.
Conversei com todos eles, como amigo, e consegui fazer um acordo que ficou bom
para todo mundo. Voltei para casa e esqueci completamente do processo. Dois
anos depois saiu uma nota de expediente e daí eu tive que renunciar o processo
porque ele já estava resolvido.




TRABALHOS VOLUNTÁRIOS



Dentre tantos processos que já defendeu, alguns foram voluntariamente, por ter
vindo de uma origem humilde e compreender a situação do cliente.


 - Na realidade, advogado não deve
trabalhar sem receber, mas tem casos que são exceções. Às vezes, nessas
questões de alimentos, por exemplo, quando uma mãe chega ao escritório e eu
vejo as condições dessa família, não tem como cobrar honorários. É o que
chamamos de pró-bono. Eu dou todas as orientações jurídicas, indico os caminhos
que a pessoa precisa seguir, auxilio a procurar pela Defensoria Pública. Tive
muitos casos em que trabalhei de pró-bono desde que abri meu escritório.
Ninguém sai sem atendimento. Eu compreendo a situação. Pode
ser que para mim seja só mais um processo, mas para o cliente, é a vida dele, é
um ser humano que depende daquela situação – finaliza o advogado, que entre
tantas conquistas na vida, a que mais comemora foi a de ter conseguido resolver
o problema que impedia sua mãe de se aposentar.





CONFRARIA DO FUTEVÔLEI



Mesmo depois de trabalhar o dia inteiro, Araújo, os irmãos e diversos amigos se
encontram para jogar futevôlei. Uma quadra chegou a ser construída pela
“Confraria do Futevôlei”, como é chamado o grupo que pratica o esporte. Ela
está localizada ao lado do Ginásio de Esportes Plácido Cunda dos Santos e só
existe graças aos amantes do esporte que se uniram para a sua construção.


Araújo considera o futevôlei um hobby, no entanto, vai muito além de uma
simples brincadeira com amigos. A confraria é um exemplo de inclusão social,
pois participa quem quiser e tiver vontade, uma maneira encontrada pela turma
de tirar os jovens das ruas e incentivar a prática do esporte.


Além disso, a turma da confraria representa São Jerônimo pelo estado
participando de campeonatos que renderam diversas premiações ao longo dos
anos, praticamente sem apoio do poder público.


Os treinos acontecem na quadra batizada de “Arena dos Araújo” e também nas
areias da Praia do Encontro, que somente em novembro de 2016 recebeu
iluminação, uma demanda de 12 anos requisitada pelos praticantes.




O QUE ELE DISSE



“Minha mãe mora até hoje no mesmo
lugar, próximo à beira do rio onde a enchente continua atingindo. Foi lá que
ela recomeçou a vida, é apaixonada por aquele canto. Com nosso esforço nós
conseguimos construir uma casa melhor porque minha mãe não aceita sair daquele
lugar. Ela para mim é uma guerreira. Foi quem mudou a história da vida de todos
os meus irmãos. Sou muito grato pela educação que eu recebi em casa e hoje
posso retribuir, sem esquecer minhas origens”.



Josué
Araújo, advogado pós-graduado em Direito do Trabalho e Previdência, sobre a
gratidão que sente por poder retribuir diariamente todo esforço que sua mãe fez
para criá-lo.






PERFIL



Josué
Araújo da Silva

Tem
38 anos e é natural de São Jerônimo.


Filho de João Elias Araújo da Silva e Angelina da Trindade.



Possui
quatro irmãos que são filhos dos mesmos pais. Antes de a família ser formada,
sua mãe teve um filho e seu pai teve outros três e adotou mais um.


Começou a trabalhar aos 14 anos, quando foi selecionado em um programa para
jovens estudantes na antiga Usina de São Jerônimo.


Na adolescência morou com a mãe e os irmãos em uma barraca feita de lona e
taquara que foi devastada no primeiro dia após um temporal. Sua mãe continua
morando no mesmo local, porém hoje, com os filhos já adultos e em boas
condições financeiras, a barraca se tornou uma casa.


Possui diversos cursos técnicos, todos feitos em escola pública. Em um desses,
quando foi aluno de Voltaire Missel Michel (ex-prefeito de São Jerônimo,
advogado e professor falecido em dezembro de 2016), despertou para a carreira
jurídica.


Formou-se Bacharel em Direito pela Ulbra São Jerônimo, em 2014, oito anos após
ter prestado vestibular.


Passou na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na primeira tentativa.
“Uma das minhas frustrações foi que no dia em que fui receber a carteira da
OAB, o Voltaire não pode estar presente, estava em outro compromisso. Ele
merecia estar naquele momento, foi de grande influência na minha vida
acadêmica, um amigo que nunca me deixou desistir do curso. Infelizmente não
deu”.


Fez pós-graduação em Direito do Trabalho e Previdência, pelo Grupo Educacional
Verbo Jurídico, em Porto Alegre.


Teve uma experiência negativa na carreira após trabalhar três meses em um
escritório de advocacia onde não recebeu pelos serviços prestados, mas afirma
que uma situação de prejulgamento entre profissional e cliente testemunhada por
ele o fez enxergar o que não queria ser como advogado.


Em fevereiro de 2016 abriu seu escritório próprio.

Seus
próximos planos incluem fazer pós-graduação em Gestão Pública e um curso
preparatório para prestar concurso para juiz federal.





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