Seja bem-vindo
São Jerônimo, RS,02/10/2025

  • A +
  • A -
Publicidade

Entenda como metanol destrói o nervo óptico e pode causar cegueira

Casos de contaminação e mortes associados ao consumo da substância em bebidas alcoólicas chamam atenção para seus riscos

Agência Einstein / Reprodução
Entenda como metanol destrói o nervo óptico e pode causar cegueira Casos de contaminação e mortes associados ao consumo da substância em bebidas alcoólicas chamam atenção para seus riscos
Publicidade

Fernanda Bassette
Agência Einstein

Publicidade

Visão borrada, fotofobia, manchas escuras no campo visual e uma névoa que vai se espalhando até apagar completamente a capacidade de enxergar. São esses alguns sinais de perigo para quem consome, sem saber, bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. Entre os efeitos dessa substância altamente tóxica no organismo está o ataque direto ao nervo óptico, estrutura essencial para a visão. 

Desde o início de setembro, autoridades de São Paulo estão investigando casos de contaminação e mortes que estariam associadas ao consumo de bebidas adulteradas com metanol na região metropolitana da capital paulista. Há relatos de complicações graves, incluindo ao menos uma pessoa que perdeu completamente a visão após beber.

“O nervo óptico funciona como um cabo que conecta a retina ao cérebro, onde as imagens são processadas. Se for danificado, a transmissão falha e a visão pode ser perdida”, explica o oftalmologista Claudio Lottenberg, presidente do Conselho Deliberativo do Einstein. “Ele é tão delicado que encostar a ponta de uma antena, por exemplo, já pode causar lesão irreversível.”

Estudos apontam que a ingestão de apenas 10 ml de metanol diluído em um litro de bebida é suficiente para causar lesões neuro-oftalmológicas, incluindo cegueira permanente. O consumo de 30 ml pode levar à morte. 

O risco de perda da visão está relacionado à forma como o organismo processa essa substância. Quando o metanol é ingerido, ele é metabolizado pelo fígado e transformado em formaldeído e ácido fórmico, extremamente tóxicos. Esse último interfere diretamente na produção de energia das mitocôndrias, estruturas celulares fundamentais para o funcionamento das células nervosas do nervo óptico. 

Sem energia suficiente, essas células não funcionam corretamente e podem entrar em colapso, causando inchaço e pressão dentro do nervo. “Como o nervo óptico depende dessa energia para funcionar, a ausência dela causa um sofrimento importante e leva essas células à morte. E células nervosas que morrem não se regeneram, daí a gravidade do caso”, pontua Lottenberg. 

Quais os sintomas?

Os sintomas visuais associados à intoxicação por metanol não aparecem imediatamente. Eles podem surgir entre seis e 24 horas após a ingestão e, muitas vezes, começam com sinais confundidos com uma simples ressaca: tontura, fraqueza, náusea e dor de cabeça. 

Com a progressão do quatro, a visão pode ficar embaçada, surgem manchas escuras (escotomas), maior sensibilidade à luz e até visão dupla. “O pior dos mundos é quando ocorre a perda progressiva da visão, como uma névoa que vai encobrindo tudo aos poucos”, relata o oftalmologista.

O diagnóstico do grau de lesão do nervo óptico envolve exames como a acuidade visual, que mede a capacidade de enxergar detalhes; a avaliação do campo visual, que verifica a visão periférica ou “de canto de olho”; e testes de resposta da pupila à luz e percepção de cores.

Além de provocar danos irreversíveis ao nervo óptico, o ácido fórmico também pode afetar outras áreas do sistema nervoso central e causar acidose metabólica grave (acúmulo de ácido no organismo), levando a perda de consciência, coma e até morte. 

Atendimento médico imediato é fundamental para tentar conter os danos. O tratamento inclui medidas de suporte e o uso de etanol como antídoto, já que ele “compete” com o metanol pela enzima que o transforma em ácido fórmico. 

Também pode ser necessário corrigir a acidose metabólica e, em casos graves, realizar hemodiálise para eliminar o metanol da circulação sanguínea. “O tempo é absolutamente fundamental. Se a intervenção for rápida, é possível reverter parte dos danos. Mas o tempo de ação é muito individual e depende da quantidade de álcool ingerida”, observa Claudio Lottenberg.

O que fazer em caso de suspeita

Pessoas que tenham consumido bebidas alcoólicas e manifestem qualquer um dos sintomas associados à intoxicação por metanol devem buscar imediatamente algum serviço de emergência médica.

Se conhecer outras pessoas que ingeriram o mesmo produto, elas também devem procurar atendimento de saúde. Em comunicado, o governo federal orienta a entrar em contato com pelo menos uma destas instituições:

  • Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001;
  • CIATox da sua cidade para orientação especializada;
  • Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 de qualquer lugar do país.

Publicidade



COMENTÁRIOS

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.