Desemprego no Brasil se mantém em 5,6%, menor nível desde 2012
Ocupação cresce, número de trabalhadores com carteira assinada bate recorde e desalento recua ao menor patamar em quase dez anos

O mercado de trabalho brasileiro manteve em agosto uma das marcas mais expressivas de sua história recente. A taxa de desocupação no trimestre encerrado no mês ficou em 5,6%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo IBGE. O resultado repete o trimestre anterior e consolida o menor nível desde 2012, início da série histórica.
O contingente de desocupados foi estimado em 6,1 milhões de pessoas, o menor já registrado. Em relação ao trimestre encerrado em maio, a queda foi de 9% (menos 605 mil pessoas), enquanto na comparação anual a redução foi de 14,6% (menos 1 milhão de pessoas). Para especialistas, o resultado reflete tanto a ampliação da formalização das vagas quanto a recuperação de setores estratégicos da economia.
Ocupação em alta e recorde no setor privado formal
A população ocupada chegou a 102,4 milhões de trabalhadores, aumento de 555 mil em relação ao trimestre anterior e de 1,9 milhão frente a 2024. O nível de ocupação, que mede a proporção de pessoas empregadas em relação à população em idade de trabalhar, alcançou 58,1%, também o maior já registrado.
O setor privado com carteira assinada foi o principal motor do resultado. O número de empregados formais atingiu 39,1 milhões de pessoas, recorde histórico, com alta de 3,3% no período de um ano. Ao todo, o setor privado concentrou 52,6 milhões de empregados, enquanto o setor público somou 12,9 milhões.
Entre os trabalhadores por conta própria, houve crescimento em ambas as comparações: mais 300 mil pessoas em relação ao trimestre anterior e 1,1 milhão na comparação anual. No entanto, dentro desse grupo, o avanço se deu principalmente entre aqueles sem CNPJ, que chegaram a 19,1 milhões.
Setores da economia
Alguns setores tiveram papel decisivo para a melhora do quadro. Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais foram os que mais cresceram, incorporando 760 mil trabalhadores em relação a 2024. A agricultura também registrou aumento expressivo, puxada pela safra de café em regiões do Nordeste e Sudeste.
Em contrapartida, os serviços domésticos foram o único segmento a encolher nas duas comparações, com perda de quase 200 mil postos em um ano. O recuo pode estar relacionado a uma migração dos trabalhadores para setores com melhores condições e rendimentos.
Subutilização e desalento em queda
Outro dado relevante é a taxa de subutilização da força de trabalho, que caiu para 14,1%, o menor nível da série histórica. Isso representa 16 milhões de pessoas em situação de subutilização, entre desocupados, subocupados por insuficiência de horas e aqueles que gostariam de trabalhar, mas não procuraram.
A população desalentada — pessoas que desistiram de procurar emprego por falta de perspectiva — caiu para 2,7 milhões, menor nível desde 2016. A queda indica um reaquecimento do mercado, capaz de absorver parte desse contingente.
Rendimento e massa salarial
O rendimento médio real habitual dos trabalhadores foi estimado em R$ 3.488 no trimestre, com estabilidade frente a maio e crescimento de 3,3% em relação a 2024. A massa de rendimentos chegou a R$ 352,6 bilhões, alta de 5,4% em um ano. Entre as atividades, os maiores avanços foram registrados na agricultura, na construção civil e em serviços ligados à administração pública e educação.
Informalidade segue elevada
Apesar do cenário positivo, a taxa de informalidade se manteve alta, em 38% da população ocupada — o equivalente a 38,9 milhões de trabalhadores. A maior parte desse grupo está concentrada em ocupações por conta própria sem registro, especialmente em setores de comércio e alimentação.
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