Setores florestal, orizícola e de máquinas alertam para impactos das tarifas dos EUA
Tarifa de 50% imposta por Trump pode inviabilizar exportações e comprometer empregos no Brasil

A decisão do governo dos Estados Unidos de elevar para 50% a tarifa sobre a importação de produtos industrializados brasileiros acendeu um alerta vermelho entre diversos setores da economia nacional. A medida, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, pode tornar inviável a operação comercial entre os dois países e gerar impactos severos sobre a produção, o emprego e a balança comercial. As informações são do Jornal do Comércio.
No setor florestal, empresas do Rio Grande do Sul estão entre as mais ameaçadas. Com o mercado norte-americano respondendo por quase metade das exportações gaúchas de produtos como madeira serrada, componentes de móveis e painéis beneficiados, a nova tarifa é vista como um risco de paralisação total das atividades voltadas à exportação. Atualmente, esse segmento movimenta aproximadamente US$ 390 milhões por ano, com cerca de 45% destinados aos EUA.
A sobretaxa também atinge a cadeia produtiva de forma indireta, já que muitos produtos exportados acabam chegando ao mercado norte-americano após beneficiamento em países intermediários. Além disso, setores como o de celulose e papel, embora com menor dependência dos EUA — cerca de 15% das exportações —, também devem sentir os efeitos da medida em meio a um cenário já pressionado por questões logísticas e cambiais.
A indústria orizícola nacional, por sua vez, estima prejuízos de até US$ 25 milhões ao ano com a nova tarifa. Os Estados Unidos foram, em 2024, o quarto maior destino do arroz branco brasileiro, respondendo por mais de 11% do total exportado. A alta taxação pode comprometer contratos internacionais e reduzir a competitividade do produto nacional frente a concorrentes estrangeiros. O setor alerta para a dificuldade de redirecionamento imediato da produção para outros mercados com o mesmo volume de compra e exigência técnica.
Outro setor diretamente afetado é o de máquinas e equipamentos, cuja balança comercial com os EUA já apresenta déficit para o Brasil. Em 2024, foram exportados US$ 3,54 bilhões em máquinas para o mercado americano, enquanto as importações somaram US$ 4,7 bilhões. Entidades do setor argumentam que não há desequilíbrio que justifique a tarifação punitiva e que, ao contrário, os EUA são beneficiados por isenções e alíquotas reduzidas em suas vendas ao Brasil.
Diante da gravidade da situação, o governo brasileiro iniciou articulações para buscar uma solução diplomática. Um comitê interministerial foi criado para dialogar com os setores mais impactados e avaliar os impactos econômicos. O Palácio do Planalto também não descarta acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotar contramedidas, com base na Lei da Reciprocidade Econômica.
Representantes das indústrias afetadas defendem uma atuação firme do governo federal, mas com responsabilidade e foco no diálogo. A expectativa é que a reação brasileira consiga preservar o acesso ao mercado americano sem escalar a tensão comercial, considerada estratégica para diversos segmentos da economia nacional.
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