Piccadilly vai instalar fábrica no Presídio Estadual de Charqueadas II
Calçadistas instalarão linhas de produção em presídios para suprir falta de mão de obra; compradora da Corsan também discute parceria para uso de mão de obra prisional

Em meio ao baixo índice de desemprego e à dificuldade das empresas gaúchas em preencher vagas, o uso de mão de obra de presidiários tem se mostrado uma solução crescente. Duas grandes indústrias de calçados instalarão novas linhas de produção em presídios do estado, incluindo o Presídio Estadual de Charqueadas II (PEC II), na Região Carbonífera.
Segundo o secretário de Sistemas Penal e Socioeducativo, Jorge Pozzobom, em entrevista à Rádio Gaúcha, a Beira-Rio iniciará operações no Presídio Estadual de Sarandi, enquanto a Piccadilly expandirá sua presença, agora com linhas de produção na Penitenciária Estadual de Charqueadas II. A Piccadilly já havia instalado linhas de costura na Penitenciária Estadual de Arroio dos Ratos, onde os detentos são remunerados pelo trabalho.
Pozzobom enfatizou o desejo de "empacotar" essas iniciativas para atrair ainda mais empresas a adotar esse modelo.
— Quero estimular mais empresas a adotar essas parcerias — afirmou o secretário, destacando o potencial de ampliação desse tipo de colaboração.
Além das grandes calçadistas, outras empresas também têm buscado a mão de obra prisional. A Aegea, por exemplo, compradora da Corsan, já procurou o governo para discutir uma parceria em que detentos possam trabalhar para a companhia. Outro exemplo citado por Pozzobom foi a Cenci Uniformes, de Bento Gonçalves, que produz as tradicionais jaquetas vermelhas da Shell na Penitenciária Estadual de Canoas.
A parceria entre o setor privado e o sistema penitenciário busca beneficiar tanto as empresas, que enfrentam escassez de mão de obra, quanto os detentos, oferecendo oportunidades de trabalho e reintegração social.
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