Preso em Charqueadas lidera quadrilha que clonava veículos e invadia contas gov.br
Polícia prende 16 suspeitos em operação contra golpes em pelo menos três Estados; grupo causava prejuízo de até R$ 100 mil por vítima

A Polícia Civil deflagrou nesta quarta-feira (7/05) a Operação Cripteia, para desarticular uma organização criminosa envolvida em fraudes com veículos clonados e invasões de contas do portal gov.br. Até o início da manhã, 16 pessoas haviam sido presas — seis delas já estavam no sistema prisional, incluindo o principal líder do grupo, um homem de 40 anos preso na Penitenciária Modulada de Charqueadas, na Região Carbonífera. Condenado a mais de 70 anos de prisão, ele coordenava as ações criminosas de dentro da cadeia.
O grupo atuava em pelo menos três Estados — Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro — e usava contas invadidas do gov.br para obter documentos veiculares falsificados e vender carros roubados ou clonados por meio das redes sociais. Em apenas quatro fraudes identificadas pela investigação, o prejuízo superou os R$ 400 mil.
A operação cumpriu 22 mandados de prisão preventiva, 25 de busca e apreensão e três de sequestro de bens em cidades do RS (Porto Alegre, Viamão, Alvorada, Charqueadas e Arroio dos Ratos), SC (Florianópolis, São José, Palhoça e Criciúma) e RJ (capital). A ofensiva contou com o apoio das Polícias Civis do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, além da Polícia Penal gaúcha.
Segundo a delegada Jusicleia Oliveira, o líder operava mesmo de dentro da prisão, coordenando a compra de veículos furtados ou roubados e articulando sua adulteração para posterior revenda fraudulenta.
— Desmontamos toda a estrutura do grupo, desde a liderança até os executores das fraudes, o que demonstra a atenção da Polícia Civil e do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos aos crimes modernos — afirmou o delegado João Vitor Herédia.
Como funcionava o golpe
As investigações começaram em julho de 2024, após uma denúncia feita em Gravataí, na Região Metropolitana. A vítima havia comprado um carro por R$ 80 mil via redes sociais. Após o pagamento e recebimento do documento ATPV-e (Autorização para Transferência de Propriedade de Veículo), ela descobriu no Detran que o veículo era clonado e, na verdade, havia sido roubado dias antes em Porto Alegre.
Com base em imagens de segurança, técnicas de análise digital e interceptações, os policiais mapearam a estrutura da organização. Um dos presos, um jovem de 24 anos do Rio de Janeiro, é apontado como o responsável pelas invasões cibernéticas. Estudante da área de tecnologia, ele teria utilizado engenharia social para acessar contas gov.br de proprietários legítimos dos veículos.
De posse desses dados, os criminosos falsificavam documentos e vendiam os carros clonados com aparência de legalidade. A fraude envolvia três vítimas diferentes: o verdadeiro dono da conta gov.br, o proprietário do carro furtado e a pessoa que comprava o veículo clonado sem saber.
Lavagem de dinheiro e empresas de fachada
Segundo a investigação, os lucros com as vendas ilegais eram lavados por uma célula do grupo instalada em Santa Catarina, que utilizava empresas de fachada para ocultar a origem ilícita do dinheiro e redistribuir os valores aos demais integrantes.
Dicas para se proteger de golpes digitais
A Polícia Civil reforça a importância de cuidados com dados pessoais e alerta sobre os riscos de engenharia social — técnica usada por golpistas para enganar pessoas e obter informações sigilosas. Veja algumas recomendações:
- Desconfie de ofertas muito vantajosas em redes sociais;
- Verifique a origem de e-mails, sites e números de contato;
- Nunca compartilhe senhas ou dados bancários com desconhecidos;
- Antes de comprar um veículo, confira a documentação no site oficial do Detran;
- Consulte familiares ou pessoas de confiança em caso de dúvida.
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