PDT rompe com governo Lula após saída de Lupi e adota postura de independência
Partido avalia apoiar projetos pontuais e discute lançar candidatura própria à Presidência em 2026

A bancada do PDT na Câmara dos Deputados anunciou nesta terça-feira (6/05) que deixará a base do governo Lula (PT), após a demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social. O partido, que apoiou Lula no segundo turno das eleições de 2022, agora adotará uma posição de independência e pretende avaliar caso a caso os projetos enviados ao Congresso.
A decisão foi tomada após reunião com Lupi, que deixou o cargo na sexta-feira (2/05) em meio à crise provocada pela operação da Polícia Federal que apura fraudes no INSS. Apesar de não ser investigado, Lupi pediu demissão e foi substituído por Wolney Queiroz, seu então secretário-executivo. A troca, feita sem consulta ao partido, irritou a cúpula pedetista.
— Estamos nos colocando como independentes. O PDT apresentou uma alternativa à Presidência em 2022 e pode fazê-lo novamente em 2026 — afirmou o líder do partido na Câmara, deputado Mário Heringer (MG).
A substituição de Lupi também gerou atritos internos. Ele havia discordado da saída do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi alvo da operação policial, mas nega envolvimento em irregularidades.
Mesmo com o afastamento da base, os parlamentares afirmam que não farão oposição sistemática. A ideia é apoiar propostas alinhadas com a centro-esquerda e com os interesses do país, sem adesão automática às pautas do Planalto. Segundo Heringer, a nova postura permitirá mais liberdade de voto aos deputados:
— Agora, será mais comum a liberação da bancada para votar como achar melhor.
A ministra Gleisi Hoffmann (PT), da Secretaria de Relações Institucionais, já iniciou conversas com a bancada do PDT na tentativa de reverter a decisão.
O movimento do PDT segue uma tendência de partidos que ocupam ministérios, mas se dizem independentes, como PP, União Brasil e Republicanos. Diferentemente desses, que são ligados à direita, o PDT tem histórico de atuação na esquerda.
Para o deputado Dorinaldo Malafaia (PDT-AP), o partido continuará participando das discussões estratégicas com o governo, mas iniciará uma reavaliação de sua relação política com o PT e buscará construir um projeto próprio para 2026.
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