Alunos da Escola Eva Alves desenvolvem projeto de incentivo à doação de órgãos
Projeto dos estudantes da localidade de Morrinhos foi selecionado para a Mocitec do IFSul Charqueadas

Cauê Florisbal
Motivados pela morte de dois irmãos, moradores da localidade de Morrinhos, em São Jerônimo, estudantes do 6º, 7º e 8º anos do Ensino Fundamental da Escola Eva Alves Pereira estão desenvolvendo um projeto de incentivo à doação de órgãos. Intitulado “A morte não é o fim, o conhecimento pode salvar vidas”, o projeto foi selecionado para a edição deste ano da Mostra de Ciências e Tecnologia (Mocitec) do IFSul Campus Charqueadas, evento que reúne estudantes de toda a região Carbonífera.
A morte de dois irmãos incentivou os estudantes a começar o trabalho de conscientização na busca por novos doadores.
- O nosso projeto iniciou quando aconteceu uma tragédia em Morrinhos, na qual dois irmãos se envolveram em uma briga e acabaram falecendo. A mãe deles decidiu que iria doar os órgãos dos filhos - explica o estudante Elano Tavares.
O principal objetivo do projeto é conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos.
- Nós conseguimos fazer isso indo às escolas do município e falando sobre o tema – explica a aluna Michele Silveira de Souza.
A visita nas escolas de São Jerônimo já está promovendo a conscientização dos mais jovens. A estudante Laura Martins Vieira revela que, durante as visitas, adolescente têm demonstrado desejo de serem doadores de órgãos. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2016 o Brasil registrou o maior número de doadores efetivos da história, com uma taxa de 14,6 doadores por milhão de habitantes.
Nos momentos de divulgação da campanha, os alunos explicam quais órgãos podem ser doados e os procedimentos pré e pós-transplante. Segundo a estudante Marcia Letícia Machado, a doação de órgão se inicia com o diagnóstico de morte encefálica do paciente, quando a família passa por uma entrevista onde é conscientizada sobre o assunto e deve decidir sobre a doação dos órgãos do parente.
Thainá Rodrigues explica que os órgãos que podem ser doados são coração, rins, fígado, pâncreas, válvulas cardíacas, medula óssea, sangue, cartilagem e as córneas. Em alguns casos, o paciente que recebeu os órgãos terá que tomar medicamentos pelo resto da vida para que não haja rejeição.
Segundo a professora Rosângela Kubal, o projeto tem como finalidade incentivar as pessoas a pensarem sobre o tema.
- Nós ouvimos muito dos médicos que as famílias não falam sobre este assunto, então eles sempre sugerem que as escolas abordem o tema. Nós vamos conversar com a Secretaria Municipal de Educação para sugerir que isso seja colocado no projeto político pedagógico das escolas (PPP). Não queremos que esta ação fique apenas como um projeto para a Mocitec, mas que continue sendo trabalhada – afirma Rosângela.
Por iniciativa do vereador Artur dos Santos, os estudantes deverão ser homenageados pela Câmara Municipal de Vereadores.
Saiba mais
Doação de órgãos
A doação de órgãos ou de tecidos é um ato pelo qual manifestamos a vontade de doar uma ou mais partes do nosso corpo para ajudar no tratamento de outras pessoas.
A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical).
A doação de órgãos como o rim, parte do fígado e da medula óssea pode ser feita em vida.
Para a doação de órgãos de pessoas falecidas, somente após a confirmação do diagnóstico de morte encefálica. Tipicamente, são pessoas que sofreram um acidente que provocou traumatismo craniano (acidente com carro, moto, quedas etc.) ou sofreram acidente vascular cerebral (derrame) e evoluíram para morte encefálica.
A morte encefálica é a interrupção irreversível das atividades cerebrais, causada mais frequentemente por traumatismo craniano, tumor ou derrame. Como o cérebro comanda todas as atividades do corpo, quando este morre, significa a morte do indivíduo.
Se você quiser se tornar um doador, a atitude mais importante é informar esse desejo a seus familiares uma vez que, após sua morte, eles decidirão sobre a doação.
Um dos membros da família pode manifestar o desejo de doar os órgãos e tecidos ao médico que atendeu o paciente. Pode também entrar em contato com a Central de Transplantes, que tomará as providências necessárias.
É possível também a doação entre vivos, no caso de órgãos duplos (como o rim, por exemplo). No caso do fígado e do pulmão, também é possível o transplante entre vivos, sendo que apenas uma parte do órgão do doador poderá ser transplantada no receptor. O "doador vivo" é considerado uma pessoa em boas condições de saúde – de acordo com avaliação médica – capaz juridicamente e que concorda com a doação. Por lei, pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos podem ser doadores. Não parentes podem ser doadores somente com autorização judicial.
Fonte: Hospital Albert Eistein
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