Caso Ronei Jr.: definidas as datas das três sessões de julgamento dos réus
Júri dos nove réus por morte de adolescente em Charqueadas foi adiado e será realizado em janeiro e abril de 2020

O júri da morte de Ronei Faleiro Jr., que deveria ter acontecido nesta segunda-feira
(18/11), em Charqueadas, foi adiado. O julgamento foi divido em três etapas a
pedido da defesa.
A decisão foi informada pela juíza Greice Moreira Pinz, da 1ª Vara, responsável
pelo caso, na manhã desta segunda, na sede da Associação dos Funcionários da
Aços Finos Piratini (Afaço), onde ocorreria a sessão do Tribunal do Júri.
Ainda ontem, a juíza definiu as datas das sessões de julgamento. A primeira acontece
em janeiro de 2020, e as outras duas em abril.
1ª sessão - 20/01/2020, 9h - Sala de Audiências
Julgamento dos réus Peterson Oliveira, Vinicius Silva e Leonardo Cunha.
Os jurados serão sorteados no dia 17/12.
2ª sessão - 13/04/2020, 9h - Sala de Audiências
Julgamento dos réus Alisson Cavalheiro, Geovani Souza e Volnei Araújo.
O sorteio dos jurados será no dia 26/03/2020.
3ª sessão - 27/04/2020, 9h - Sala de Audiências
Julgamento dos réus Matheus Alves, Cristian Sampaio e Jhonata Hammes
Os jurados serão sorteados no dia 06/04/2020
Os nove réus permanecerão presos até o julgamento. Um deles está em prisão
domiciliar, e os demais tiveram prisão preventiva decretada.
Antes de saber da decisão de dividir o júri em três etapas, o pai do jovem,
Ronei Wilson Faleiro, falou com os jornalistas sobro o julgamento dos réus e a
perda do filho.
“A dor ainda é muito latente, mas a expectativa é que a justiça aconteça. Nós
vivemos em sociedade, existem leis, as leis de alguma maneira preveem penas
para aquilo que a gente realiza fora do que seria um padrão da sociedade, e o
mínimo que a família espera é que a justiça aconteça. Nada a mais, mas também
nada a menos do que seja necessário, para passar para o resto da sociedade que
a vida humana não tem reparação. Não é a reclusão, ou qualquer coisa que repara
isso. Na verdade, o que repara é talvez as pessoas pensarem antes para nós não
estarmos aqui, nessas situações. O mínimo que eu espero é justiça”, disse.
CRIMES
Durante os três júris devem ser ouvidas, além das três vítimas e dos réus, 22
testemunhas convocadas até agora por acusadores e defensores. Na instrução do
processo foram ouvidas quase 40 pessoas.
Os réus responderão por homicídio qualificado (por meio cruel e com recurso que
dificultou a defesa), associação criminosa e corrupção de menores. Além disso,
são acusado por outras três tentativas de homicídio qualificado, já que
agrediram, também, o pai da vítima, Ronei Wilson Faleiro, e um casal de amigos.
Há ainda um décimo adulto acusado de envolvimento nos crimes. Ele foi
denunciado depois dos demais e seu caso é apurado em outro processo, que deve
ir a júri depois de respostas a recursos.
De acordo com o Ministério Público, houve também a participação de sete menores
de idade no crime. Quatro deles receberam medida socioeducativa de internação
por três anos, prazo máximo estabelecido no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). Os outros três foram absolvidos.
CONTRAPONTOS
A advogada Lorena Pires Garcia, que representa Alisson Cavalheiro e Cristian
Sampaio, afirma que seus colegas e ela irão “buscar o esclarecimento dos fatos
como realmente se sucederam, visando auxiliar os jurados na individualização
das condutas. Podemos afirmar que temos elementos suficientes para trazer ao
plenário a veracidade da ausência de autoria dos meus clientes, porque justiça
é saber punir e a quem punir e confiamos no bom senso de todos que tiverem essa
dura missão de julgar esse fato”.
O advogado Diander Rocha, responsável pela defesa de Peterson Patric Silveira
Oliveira, afirma que, “após analisar o processo cuidadosamente, manifesta seu
compromisso com a sessão de julgamento. Externa também o respeito absoluto pela
dor da família com esta perda lamentável. Serão levados aos jurados todos os
elementos de provas para se fazer uma análise séria, a fim de um julgamento
justo, com a certeza da distribuição da justiça nas condições do processo”.
O réu Vinícios Adonai Carvalho da Silva será representado pelos advogados Lucas
Mees Schacht e Celomar Cardoso. Schacht afirmou que “ele acabou sendo envolvido
na situação porque estava entre os demais. A única agressão que possa ter
envolvimento dele é em relação ao amigo da vítima. Não teve nenhuma relação com
o Ronei ou com o Ronei Júnior. Não há nexo entre a conduta dele com a morte do
Ronei Júnior”.
O advogado de Jhonata Paulino da Silva Hammes, Fabiano Cerveira, diz que
“durante o julgamento será demonstrado aos jurados que Jhonata não participou
das condutas imputadas pelo Ministério Público, buscando-se, ao final, a
absolvição”.
Geovani Silva de Souza, Leonardo Macedo Cunha, Matheus Simão Alves e Volnei
Pereira de Araújo são representados por defensores públicos. Procurada pela
reportagem, a Defensoria Pública afirmou que não se pronunciará antes do júri e
que irá comentar apenas após a decisão.
RELEMBRE O CASO
Era madrugada de sábado, 1º de agosto de 2015, e adolescentes estudantes do 3º
ano da Escola Técnica Cenecista Carolino Euzébio Nunes, de Charqueadas,
realizavam uma festa para angariar recursos para sua formatura, no Clube
Tiradentes. Os estudantes saíam da festa quando uma briga, motivada por uma
rixa entre grupos de jovens de Charqueadas e São Jerônimo, acabou tirando a
vida do adolescente Ronei Jurkfitz Faleiro Júnior, de 17 anos. A esquina que
por décadas foi o ponto onde a juventude se encontrava, ficou marcada como o
local de uma das tragédias que mais chocou o país no ano de 2015.
Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro, o filho Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior e
um casal de amigos do rapaz sofreram agressões de um grupo de 14 pessoas. Segundo
a denúncia, o pai da vítima deixou seu filho na festa no clube na noite de
sexta-feira, 31 de julho, às 22h, com o combinado de buscá-lo às 5h do dia
seguinte. Ao retornar para o local da festa, Faleiro ligou para o filho
comunicando que estava chegando e foi avisado que aguardasse mais 15 minutos.
Quando voltou a ligar para o filho, este perguntou sobre a possibilidade de dar
carona a um casal de amigos, pois havia alguns problemas com eles. Em seguida,
o pai foi até a porta do clube para buscar os três. Ao descer as escadas para
entrar no carro, eles começaram a ser agredidos com garrafadas, socos e
pontapés. As agressões resultaram na morte de Ronei Jr., que não resistiu aos
ferimentos provocados por chutes, socos e garrafadas desferidas pelo grupo, que
mais tarde se apurou serem todos integrantes do “Bonde Aba Reta”. O crime
ocorreu porque o casal que acompanhava Ronei Júnior era morador de São
Jerônimo.
Com informações do TJ/RS e G1
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