EDITORIAL: Quando vai se exigir respeito à Casa do Povo?
Vereadores abriram margem para que se questione se o corporativismo não falou mais alto nesta hora crucial para a política jeronimense, que se ressente da ausência de pessoas com pulso firme e ideais acima de interesses pessoais.

O escândalo extraconjugal envolvendo o vereador jeronimense Amaro Jerônimo Vanti Azevedo (Amaro da Maré, PDT), acusado de trocar cargos na Prefeitura por favores sexuais, revelado pelo Portal de Notícias na última sexta-feira, parece não ter causado espécie ao Poder Legislativo Municipal. Apesar de ter sido o assunto mais comentado durante o final de semana, na sessão de segunda-feira, os vereadores simplesmente o ignoraram.
Vereadores da situação, que segundo os arranjos políticos deveriam defender a administração municipal, não exigiram do vereador nenhum tipo de explicação sobre a acusação feita pela ex-servidora, de que tanto a nomeação quanto a exoneração do cargo foram a pedido do vereador. Fato que, indiscutivelmente, arranha a imagem do Executivo e do Legislativo diante da inescrupulosa negociação de cargos em nome de interesses escusos e da evidente imoralidade.
Vereadores de oposição - que hoje se resumem a dois, posto que os demais já têm familiares empregados na Prefeitura e não têm mais legitimidade para quaisquer cobranças – também não se manifestaram. Deixaram passar a oportunidade de, pelo menos, dizerem à população que, apesar de poucos, gostariam de ver a Casa e os eleitores respeitados. Ou não?
O presidente da Casa, que tem demonstrado ser um parlamentar equilibrado e preocupado em fazer uma boa administração, também se omitiu e deixou de posicionar-se em público, abrindo margens para que se questione se o corporativismo não falou mais alto nesta hora crucial para a política jeronimense, que se ressente da ausência de pessoas com pulso firme e ideais acima de interesses pessoais.
A comissão de Ética, criada justamente para agir de forma a manter as ações dos parlamentares e da Casa Legislativa o mais alinhado possível com a ética, a moralidade e os interesses públicos, também por hora perdeu a oportunidade de realizar o seu trabalho.
Que atitude tomará o Diretório do Partido Democrático Trabalhista (PDT), deixará tudo como está ou exigirá, no mínimo, explicações, já que a imoralidade não faz parte do legado de Leonel Brizola, seu fundador?
“E não nos deixeis cair em tentação”, diz a oração do Pai Nosso, que o vereador Amaro Vanti diz a cada vez que fala da tribuna.
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