O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou nesta quinta-feira (10) sobre a decisão do governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, de aumentar para 50% a tarifa sobre produtos importados do Brasil. Em publicação nas redes sociais, Bolsonaro evitou críticas ao aliado norte-americano e responsabilizou o governo Lula pelo que chamou de “afastamento do Brasil dos seus compromissos históricos com a liberdade”.

— Deixo claro meu respeito e admiração pelo Governo dos Estados Unidos — escreveu o ex-presidente no X (antigo Twitter), em sua primeira fala pública sobre o chamado tarifaço.

Apesar de não entrar no mérito econômico da medida, Bolsonaro cobrou “urgência” dos Poderes brasileiros em adotar medidas que atendam às exigências de Trump, sugerindo que o Brasil caminha para o “isolamento e a vergonha internacional”. A medida do presidente americano foi interpretada por aliados do ex-presidente como uma retaliação ao andamento do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde ele pode ser condenado por tentativa de golpe de Estado e outros crimes, com pena que pode ultrapassar 40 anos de prisão.

— O alerta foi dado, e não há mais espaço para omissões — disse Bolsonaro, que também falou em “caça às bruxas” promovida contra ele e seus apoiadores.

O ex-presidente afirmou que “isso jamais teria acontecido” sob seu governo e apontou que a decisão de Trump seria reflexo da diplomacia atual e do distanciamento entre Brasil e os chamados “valores do mundo livre”.

— A medida é resultado direto do afastamento do Brasil dos seus compromissos históricos com a liberdade, o Estado de Direito e os valores que sempre sustentaram nossa relação com o mundo livre — afirmou.

Bolsonaro ainda reiterou que a medida não atinge apenas ele, mas milhões de brasileiros.

— O que está em jogo é a liberdade de expressão, de imprensa, de consciência e de participação política — disse, ecoando termos já utilizados por Trump, como “caça às bruxas”.

A carta enviada por Trump ao presidente Lula, comunicando o aumento tarifário, cita diretamente Bolsonaro e associa o julgamento no STF à decisão comercial. O governo brasileiro, por sua vez, criticou o gesto e devolveu formalmente a carta ao governo norte-americano, alegando violação da soberania nacional.

Bolsonaro está inelegível até 2030 e é réu no STF por envolvimento em uma suposta trama golpista relacionada aos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele já foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques ao sistema eleitoral e segue sob investigação por diversos crimes contra a democracia.