Inflação desacelera em junho e fecha mês em 0,24%, puxada por energia elétrica
Aumento nas contas de luz compensa queda nos alimentos, que registraram a primeira deflação em nove meses

A inflação no Brasil foi de 0,24% em junho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE, por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O número representa uma leve desaceleração em relação a maio, quando o índice foi de 0,26%. No ano, o IPCA acumula alta de 2,99%, e nos últimos 12 meses, chega a 5,35%.
O principal impacto no índice do mês veio da energia elétrica residencial, que subiu 2,96% com a entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 1. O item foi responsável por 0,12 ponto percentual da inflação de junho e, no acumulado do semestre, registra alta de 6,93% — a maior variação para o período desde 2018 (8,02%).
Segundo o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, além da mudança na bandeira tarifária, reajustes regionais também contribuíram para o aumento da conta de luz. Destacam-se os aumentos em Belo Horizonte (8,57%), Porto Alegre (4,41%) e Curitiba (3,28%), enquanto no Rio de Janeiro houve redução (-1,29%).
O grupo Habitação, que inclui a energia elétrica, teve alta de 0,99% e respondeu por 0,15 p.p. do índice geral, sendo também influenciado pela elevação da taxa de água e esgoto (0,59%).
Por outro lado, o grupo Alimentação e bebidas teve queda de 0,18% em junho, a primeira retração desde setembro de 2024. Essa deflação foi impulsionada pelos preços dos alimentos no domicílio, que caíram 0,43%. Entre os destaques estão a queda no preço do ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%). Em sentido oposto, o tomate subiu 3,25%.
Já a alimentação fora do domicílio desacelerou, passando de 0,58% em maio para 0,46% em junho.
O índice de difusão, que mede o percentual de itens com alta de preços, caiu de 60% em maio para 54% em junho. No grupo de alimentos, esse índice recuou para 46%. Se excluído o grupo de alimentação do cálculo do IPCA, a inflação do mês teria sido de 0,36%. Sem considerar a energia elétrica, ficaria em 0,13%.
O grupo Transportes teve alta de 0,27% e contribuição de 0,05 p.p. para o índice, mesmo com a queda nos combustíveis (-0,42%). O transporte por aplicativo subiu 13,77%, enquanto o conserto de automóveis teve alta de 1,03%. As passagens aéreas, que haviam caído em maio, subiram 0,80%.
No grupo Vestuário, houve alta de 0,75%, com destaque para roupas masculinas (1,03%), calçados (0,92%) e roupas femininas (0,44%).
Outras variações mensais:
- Saúde e cuidados pessoais: 0,07% (0,01 p.p.)
- Despesas pessoais: 0,23% (0,02 p.p.)
- Comunicação: 0,11% (0,01 p.p.)
- Educação: 0,00%
- Artigos de residência: 0,08%
Entre os índices agregados, os serviços aceleraram de 0,18% em maio para 0,40% em junho. Já os preços monitorados (como energia e combustíveis) desaceleraram de 0,70% para 0,60%.
Entre as regiões, Rio Branco teve a maior variação (0,64%), impulsionada por alta em eventos culturais (77,22%) e na energia elétrica (3,99%). Campo Grande registrou a menor variação (-0,08%), influenciada pela queda nas frutas (-5,15%) e na gasolina (-1,38%).
INPC também tem leve alta
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda até cinco salários mínimos, teve alta de 0,23% em junho. O acumulado no ano é de 3,08%, e em 12 meses, de 5,18%.
Os alimentos caíram 0,19%, após alta de 0,26% em maio. Os produtos não alimentícios subiram 0,37%.
Entre as capitais, Belo Horizonte teve a maior inflação (0,55%), devido ao aumento na energia elétrica (8,54%) e na gasolina (1,56%). Já Porto Alegre teve a menor variação (-0,10%), com queda na gasolina (-2,56%) e produtos de higiene pessoal (-1,79%).
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