PF investiga psicotécnico que aprovou registro de arma para esquizofrênico
Edson Fernando Crippa, 45 anos, matou familiares, dois soldados da BM e foi morto em enfrentamento com policiais, após ferir nove pessoas

A Polícia Federal (PF) abriu uma investigação sobre o laudo psicológico que autorizou Edson Fernando Crippa, 45 anos, a ter posse de arma, mesmo com seu histórico de esquizofrenia. Crippa foi responsável por um ataque em Novo Hamburgo, onde matou três pessoas e feriu outras nove, antes de ser morto em um confronto com a polícia. As informações são da Zero Hora. A averiguação inicial se concentra em verificar as avaliações feitas pela psicóloga que aplicou o teste psicotécnico, em um pedido encaminhado ao Conselho Regional de Psicologia.
Durante o ataque, Crippa disparou mais de 300 tiros de seu arsenal, que incluía duas pistolas, um rifle e uma espingarda, causando a morte de familiares e de dois policiais militares. A investigação da PF é de natureza administrativa, não criminal, e visa entender como e por que um profissional credenciado aprovou o uso de armas para alguém com um quadro tão sério de saúde mental. Apesar das quatro internações que já havia enfrentado, Crippa pode não ter manifestado sintomas evidentes no momento do teste, levando à possibilidade de que ele tenha dissimulado seu estado.
Especialistas em saúde mental comentam que a esquizofrenia pode resultar em comportamentos agressivos, e a psiquiatra Vivian Peres Day ressalta que a deterioração do estado mental é uma preocupação constante em casos de doenças crônicas como essa. O psiquiatra Filipe Gelain Tonet, que também tem formação em armamento, destaca que testes psicotécnicos muitas vezes são aplicados sem entrevistas aprofundadas, o que pode permitir que pessoas com histórico de problemas psíquicos ocultem sua condição.
Durante o velório de um dos policiais mortos, o governador Eduardo Leite defendeu a criação de um sistema integrado que cruzasse informações de laudos psicológicos com registros de armas. Ele enfatizou que qualquer pessoa com um histórico de problemas de saúde mental deve abrir mão do sigilo médico para garantir a segurança da sociedade. O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio Feoli, apoiou a proposta, afirmando que um sistema desse tipo já é utilizado em outros países e poderia alertar os policiais sobre a presença de armas em situações de risco.
A proposta busca prevenir tragédias semelhantes no futuro, destacando a necessidade de um monitoramento mais rigoroso dos candidatos a atiradores e um registro nacional que possa informar sobre potenciais riscos associados à posse de armas.
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