Lula liga fraude no INSS ao governo Bolsonaro e defende apuração sem ‘pirotecnia’
‘A quadrilha foi criada em 2019, e todos sabem quem governava o Brasil naquele ano’, disse o presidente

Durante visita à Rússia neste sábado (10/05), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a investigação sobre a fraude bilionária no INSS e afirmou que o esquema criminoso teve origem no governo de Jair Bolsonaro. Lula também disse que prefere uma apuração rigorosa e silenciosa ao invés de "pirotecnia" e espetáculo.
A operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, batizada de Sem Desconto, apura fraudes estimadas em R$ 6 bilhões, com descontos indevidos em aposentadorias e pensões. O caso provocou a saída do PDT da base governista, uma troca no Ministério da Previdência e forte repercussão nas redes sociais, especialmente entre opositores do presidente.
— Tanto a CGU quanto a Polícia Federal foram a fundo para chegar no coração da quadrilha. Não fizemos espetáculo porque, se tivéssemos feito um carnaval um ano atrás, poderia ter virado fumaça. A quadrilha foi criada em 2019, e todos sabem quem governava o Brasil naquele ano — disse Lula, em referência a Bolsonaro, sem citá-lo diretamente.
O presidente também destacou que o crime não atingiu os cofres públicos, mas sim diretamente o bolso dos aposentados e pensionistas.
— Isso é o mais revoltante: eles não roubaram do INSS, roubaram do povo. Vamos até o fim para descobrir quem participou disso. Não tenho pressa, quero resultados concretos — afirmou.
Segundo Lula, há entidades sérias atuando no INSS, mas também outras criadas apenas para fraudar beneficiários com falsas promessas. Ele acrescentou que o governo ainda está sistematizando o tamanho exato da fraude e identificando as vítimas para que haja ressarcimento.
— O ressarcimento dependerá de sabermos quem foi enganado. Quem autorizou os descontos não será indenizado. Mas quem teve o nome usado indevidamente, será compensado — garantiu.
Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os recursos bloqueados das entidades suspeitas já seriam suficientes para cobrir os prejuízos das vítimas. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, complementou dizendo que, se necessário, o governo federal irá complementar os valores para garantir o ressarcimento integral.
O escândalo começou a ser identificado ainda em 2018, mas os casos explodiram a partir de 2023, já sob o governo Lula. Uma medida assinada por Bolsonaro em 2022, que revogou o controle sobre descontos nos benefícios, é apontada como uma das causas do avanço das fraudes.
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