A crise enfrentada pelo agronegócio gaúcho preocupa autoridades e produtores. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Guilherme Campos Jr., afirmou nesta segunda-feira (28) que a situação do setor no Rio Grande do Sul é "muito preocupante". O secretário acompanhará uma reunião, marcada para esta terça-feira (29/04), entre parlamentares gaúchos e o ministro Carlos Fávaro, para discutir alternativas e buscar apoio federal diante das dificuldades financeiras que afetam o agronegócio no Estado. As informações são do Jornal do Comércio.

O encontro ocorrerá às 11h30, na sede do Mapa, e terá como foco a tentativa de sensibilizar o governo federal sobre a crise no setor agrícola. O principal ponto de discussão será o endividamento dos produtores, agravado por uma sucessão de eventos climáticos que comprometeram as safras recentes, e as medidas necessárias para evitar um colapso generalizado da economia rural.

— Não está fácil a situação dos produtores, é muito preocupante — declarou Campos ao Jornal do Comércio, ressaltando que o governo busca encontrar alternativas para aliviar os problemas, mas reconhece que a situação exige ações urgentes e eficazes.

Diálogo por recuperação e mitigação de riscos climáticos

A busca por soluções para a recuperação do setor inclui a negociação de prorrogação de dívidas e a recuperação da capacidade produtiva. No entanto, enquanto o governo cobra a adoção de medidas para mitigar os efeitos de futuros desastres climáticos, os produtores defendem que a prioridade seja a resolução do endividamento atual. Segundo os representantes do setor, somente após resolver essa questão será possível reinvestir na produção e na implementação de medidas de longo prazo, como a instalação de pivôs de irrigação e a correção de solos.

O deputado federal Luciano Zucco (PL/RS), líder da oposição na Câmara e articulador da audiência, destacou que o quadro do agro gaúcho é "dramático" e que as medidas tradicionais, como a prorrogação das dívidas e o acesso a linhas emergenciais de crédito, já não são suficientes para resolver o problema.

— O setor precisa de soluções estruturantes e definitivas para evitar o colapso da economia gaúcha — afirmou Zucco. Ele enfatizou que a crise deve ser tratada como uma calamidade econômica e social.

Propostas para a securitização e apoio direto aos produtores

Entre as propostas que serão levadas ao Ministério da Agricultura, uma das principais é a securitização das dívidas agrícolas, que permitiria reequilibrar o endividamento do setor sem adiar o problema. Zucco defende, ainda, subvenções diretas para pequenos e médios produtores, além de uma renegociação ampla das dívidas com bônus de adimplência. Ele também sugeriu a criação de um plano nacional de enfrentamento das catástrofes climáticas, com foco nas regiões agrícolas mais vulneráveis.

Grazi Camargo, coordenadora do Movimento SOS Agro, também participará do encontro e espera que a União reconheça a gravidade da situação. Para ela, os impactos da crise não afetam apenas os produtores, mas podem gerar uma crise em cadeia que atinge diversos setores da economia.

 — Estamos tentando sensibilizar o governo para a urgência do apoio, mas, se não houver avanço, haverá protestos — afirmou a produtora.

A principal proposta de Grazi é o alongamento das dívidas nos moldes apresentados pelo governo do Rio Grande do Sul, com prazos de até 20 anos para pagamento, três anos de carência e juros de 5% a 7% ao ano. Ela propõe que essa renegociação seja concentrada no Banco do Brasil, com a possibilidade de abranger não apenas os empréstimos bancários, mas também as dívidas com cooperativas e cerealistas.

Expectativa de ação do governo federal

Os representantes gaúchos que acompanharão a reunião com o ministro Fávaro incluem os deputados federais Rodolfo Nogueira (PL/MS), presidente da Comissão de Agricultura; Pedro Westphalen (PP/RS), autor de um projeto de lei sobre securitização de dívidas agrícolas; e Marcelo Moraes (PL/RS), coordenador da bancada gaúcha. O senador Luis Carlos Heinze (PP/RS), que também protocolou um projeto sobre o tema, estará presente no encontro.

A expectativa é que o governo federal se mostre disposto a ouvir as demandas e, mais importante, a agir para evitar que a crise no agro gaúcho se agrave ainda mais, comprometendo a produção e a economia do Estado.

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