João Adolfo Guerreiro
JOÃO GUERREIRO | Um ano da enchente de maio de 2024 III - A grande máquina
A grande máquina da solidariedade

João Adolfo Guerreiro
Há um ano, numa segunda-feira, 13 de maio, publicava esta terceira crônica, intitulada A grande máquina da solidariedade, retratando parte da situação vivida em Charqueadas durante a enchente histórica do ano passado. Ela abordava a intensa passagem de grandes helicópteros pelos céus, pousando em Charqueadas com auxílios vindos de toda parte, oriundos da rede de solidariedade que se formou no Rio Grande do Sul e no Brasil. Naquele momento o Jacuí, após descer mais de três metros em relação nível máximo atingido pela enchente, voltara a subir mais de um.
Republico agora em maio os textos que escrevi no período, a fim de que as histórias que testemunhei em minha cidade, Charqueadas, não se percam na imaterialidade e fugacidade da internet, enquanto registro de parcela dos fatos ocorridos. São oito, todos republicados na data exata, ou mais próxima possível, da que foram publicados em 2024, ou seja, exatamente um ano depois. Espero que essa iniciativa esteja, de alguma maneira, sendo útil.
- Dia 15 - IV - Salve a solidariedade que nos salva
- Dia 16 - V - O sobrevivente
- Dia 19 - VI - A casa amarela
- Dia 20 - VII - Com força e com graça
- Dia 21 - VIII - O horror das cheias em Guaíba City
A GRANDE MÁQUINA DA SOLIDADRIEDADE
A chuva já parou, mas a água ainda sobe. Agora, vejo que está nos 9,28 metros no Jacuí. Havia estacionado nos 7,94 metros. Subiu 1,34 metros desde o sábado. Aqui na minha rua, ainda bem, até o final da tarde não chegara nas casas de onde recuara, de quando atingiu os 11,32 metros. Torçamos.
Por volta das 13 horas um imenso helicóptero do Exército aterrissou no Estádio Municipal João Guerreiro de Souza, o popular Campo do Baratão (apelido do prefeito Aldo Moreira, em cuja gestão o estádio foi construído), na rua José Rui de Ruiz. Cheguei ali e os militares, de verde-escuro, junto com o pessoal da Defesa Civil, de azul-claro, descarregavam cestas básicas, que o povo, já em fila, carregava até os vestiários. Lindo de se ver, toca a gente. Quando findaram os donativos, o pessoal começou a bater palma para os soldados.
O portento começou a rodar rapidamente suas hélices e um vento descomunal varreu as gramas do campo, se alguém tivesse ficado perto seria derrubado, com certeza. Tive de me agarrar nas telas, enquanto minha bicicleta caiu. Não conhecia helicóptero tão grande e jamais sentira o seu poder. Uma maravilha do prodígio humano a serviço das pessoas. Pensar que, na Ucrânia e em Gaza, máquinas como essa são usadas para gerar horror e morte. No Rio Grande do Sul, geram esperança e vida. O helicóptero da solidariedade, jamais esquecerei esse momento. Pena meu celular estar sem carga na hora, não pude registrar, mas era parecido com esse da foto acima.
Um bom final de semana para todos. Cuidem-se, ajudem-se, vivam e fiquem com Deus.
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