Cientistas sintetizam molécula que elimina vírus da hepatite C
O novo composto, denominado AG-hecate, também é capaz de agir em bactérias, fungos e células cancerosas

AGÊNCIA BRASIL
"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Pesquisadores da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) sintetizaram um novo composto que inibe a replicação
do vírus da hepatite C em diversos estágios de seu ciclo. O estudo, feito com
apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
consistiu na combinação de moléculas já existentes para produzir novos
compostos biológicos, método denominado bioconjugação.
O novo composto, denominado AG-hecate, também é capaz de agir em bactérias,
fungos e células cancerosas.
Segundo um dos autores do estudo, o químico Paulo Ricardo da Silva Sanches,
esse tipo de atuação não é comum nos antivirais que normalmente têm alvos
específicos isolados, inibindo processos específicos como a entrada do vírus
nas células, a síntese do material genético e de proteínas, a montagem e liberação
de novas partículas virais.
“O AG-hecate, ao contrário, apresentou
ampla atividade, agindo em diversas etapas do ciclo. O composto também
apresentou atividade nos chamados ‘lipid droplets’ – gotas de lipídeo no
interior das quais o vírus circula nas células e que o protegem do ataque de
enzimas. O AG-hecate desestrutura essas gotas de lipídeo e deixa o complexo
replicativo do vírus exposto à ação das enzimas celulares”, disse o químico.
Moléculamso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">
De acordo com o estudo, o composto também mostrou alto índice de seletividade,
o que significa que ele ataca muito mais o vírus do que a célula hospedeira, mostrando
potencial para atacar a doença. “Apesar do composto apresentar pequena
atividade nos glóbulos vermelhos do sangue, a molécula precisa passar por
alterações em sua estrutura para reduzir ainda mais a sua toxicidade. É nisso
que estamos trabalhando agora, para que a pesquisa possa evoluir da fase in
vitro para a fase in vivo”, afirmou Paulo Ricardo.
O estudo e o desenvolvimento da molécula AG-hecate demorou cerca de dois anos.
Até que entre no mercado e passe a ser utilizada serão necessários mais oito
anos, já que o tempo médio para planejamento e desenvolvimento desse tipo de
medicamento é de dez anos.
Para o professor Eduardo Maffud Cilli, orientador do estudo, a molécula
também age em bactérias, fungos e células cancerosas. No caso do câncer, a molécula
interage e destrói a membrana da célula afetada. “Além disso, como os vírus do
zika e da febre-amarela apresentam ciclos replicativos bastante parecidos com o
do HCV, vamos testar a efetividade do AG-hecate também em relação a esses
vírus”, concluiu.
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