Brasil não fez dever de casa após ECO-92, diz Marina Silva no RS
Ministra critica a falta de ação após ECO-92 e destaca desafios climáticos em Porto Alegre

Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, participou nesta terça-feira (11/03) da 5ª Conferência Estadual do Meio Ambiente, que ocorre em Porto Alegre. O evento, promovido pelo governo do Rio Grande do Sul, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), reúne representantes de 253 municípios gaúchos, e tem como objetivo discutir soluções para os impactos das mudanças climáticas.
Com o tema “Emergência Climática – O Desafio da Transformação Ecológica”, a conferência contou com a apresentação de propostas de municípios afetados por eventos climáticos extremos, como cheias e estiagens.
Durante a conferência, foram discutidas soluções em áreas como mitigação e adaptação às mudanças climáticas, transformação ecológica, justiça climática, governança e educação ambiental. As propostas originadas de 33 conferências municipais, 14 intermunicipais e sete livres serão analisadas e consolidadas, com 20 delas sendo escolhidas para representar as necessidades do estado. A delegação que participará da Conferência Nacional do Meio Ambiente, em Brasília, será composta por 50% de representantes da sociedade civil, 30% do setor privado e 20% do setor público, com a garantia de participação igualitária de mulheres e pessoas negras.
Em sua fala, Marina Silva destacou que, após a ECO-92, realizada no Brasil em 1992, o país não cumpriu os compromissos assumidos para combater as mudanças climáticas. A ministra lembrou que o alerta sobre os danos ambientais foi dado há muitos anos, com o primeiro estudo sobre o tema datado de 1896. Segundo ela, a ação humana tem o poder de destruir o mundo ao seu redor, citando o uso inadequado da terra e a emissão de gases de efeito estufa como causas do desequilíbrio climático e do aquecimento global. A ministra também usou o termo “sustentabilismo” para enfatizar que os recursos financeiros devem ser utilizados para promover a recuperação da vida no planeta. Um dos objetivos do Ministério do Meio Ambiente é alcançar o desmatamento zero até 2030, e Marina destacou que, na Amazônia, já houve uma redução de 46% no desmatamento.
O evento também marcou o repasse de R$ 6 milhões da empresa CPFL Energia para iniciativas de regularização ambiental no Rio Grande do Sul. Esses recursos serão destinados a projetos como o “Projeto Recuperação de Biomas”, realizado em parceria com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (FETAG). Além de ações de recuperação e conservação ambiental em propriedades rurais, o projeto inclui atividades de educação ambiental para adolescentes e iniciativas agroflorestais. A primeira fase do projeto contou com o repasse de R$ 2,9 milhões para a recuperação de aproximadamente 1.450 hectares em 290 propriedades.
O evento, que segue até esta quarta-feira (12/03), também terá a missão de eleger 60 delegados que representarão o Rio Grande do Sul na Conferência Nacional do Meio Ambiente. A votação ocorrerá à tarde, às 15h.
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