Indústria química anuncia R$ 759,3 milhões em investimentos
Dos recursos anunciados, R$ 379,3 milhões serão aplicados no Rio Grande do Sul, sendo que R$ 306 milhões estão vinculados à planta 4 da Braskem, localizada em Triunfo

O setor químico brasileiro receberá um investimento de R$ 759,3 milhões, conforme anunciado nesta sexta-feira (17/01) em cerimônia realizada no Polo Petroquímico de Triunfo, na Região Carbonífera. Os aportes, promovidos por meio do Regime Especial da Indústria Química (REIQ), serão destinados à modernização e expansão de plantas industriais, contemplando os estados do Rio Grande do Sul, Bahia, Alagoas e São Paulo.
A solenidade, que começou às 11h e seguiu até o início da tarde, contou com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, do governador Eduardo Leite, do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), do prefeito de Triunfo, Marcelo Essvein, e do vice, Roniel Viegas.
Geraldo Alckmin destacaou o impacto dos investimentos:
— Estamos nesse colosso industrial, um dos maiores polos petroquímicos do país, para um anúncio de investimentos. São R$ 759 milhões, e nós estamos torcendo e vamos trabalhar para chegar a R$ 1 bilhão de investimentos na indústria química — afirmou Alckmin.
Dos recursos anunciados, R$ 379,3 milhões serão aplicados no Rio Grande do Sul, sendo que R$ 306 milhões estão vinculados à planta 4 da Braskem, localizada em Triunfo. Segundo o presidente da Braskem, Roberto Ramos, a maior parte dos aportes tem como foco a competitividade.
— Nossa expectativa é reduzir 10% do custo de produção com os investimentos previstos. Além disso, aumentará em 50 mil toneladas a capacidade produtiva — explicou Ramos.
Outras empresas também contribuirão para os investimentos. A Innova destinará R$ 73,3 milhões ao estado gaúcho, enquanto a Unipar aplicará R$ 57 milhões e o Grupo OCQ, R$ 15 milhões, em projetos pelo Brasil.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, destacou a relevância do REIQ para o setor.
— Isso demonstra claramente o reconhecimento do governo federal sobre a importância da indústria química nacional para a economia do país — disse.
O governador Eduardo Leite também marcou presença no evento e frisou a importância da indústria química para o desenvolvimento estadual.
— Contamos com a indústria química, inclusive para soluções mais sustentáveis, como o hidrogênio verde — apontou.
Sustentabilidade e impacto no setor
A indústria química nacional é considerada a mais sustentável do mundo, com 82,9% de sua matriz energética composta por fontes renováveis, segundo dados da Abiquim. Para cada tonelada de químicos produzida no Brasil, são emitidos de 5% a 51% menos CO2 em comparação às médias internacionais.
O setor representa 11% do PIB industrial e gera cerca de 2 milhões de empregos diretos e indiretos. Desde a retomada do REIQ, em agosto de 2023, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) aprovou 15 projetos no setor químico, somando R$ 713 milhões, além de analisar outros nove projetos, estimados em R$ 436 milhões em investimentos adicionais.
Reivindicação por condições dignas de trabalho
O anúncio foi acompanhado por trabalhadores do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petroquímica de Triunfo (Sindipolo), que entregaram uma carta ao vice-presidente da República. O documento celebra os investimentos, mas pede a garantia de empregos com condições dignas.
— Queremos que esses empregos tragam dignidade. O último investimento foi no governo Dilma. Para os trabalhadores que virão, é essencial garantir saúde, segurança e qualidade de vida — afirmou o vice-presidente do Sindipolo, João Gilberto Lessa da Rosa.
A exposição a agentes químicos, como o benzeno, foi mencionada como uma preocupação. Segundo o sindicato, há um aumento significativo de casos de câncer entre os trabalhadores do setor, o que demanda contrapartidas em saúde e segurança.
Com os novos aportes e políticas públicas voltadas à indústria química, espera-se não apenas avanços na competitividade do setor, mas também melhorias significativas nas condições de trabalho e na sustentabilidade das operações industriais.
COMENTÁRIOS