Morre Dorinha Duval, atriz que interpretou a primeira Cuca do Sítio do Picapau Amarelo
Artista tinha 96 anos, teve carreira marcante na TV e no rádio, e estava afastada da mídia desde os anos 1980

A atriz Dorinha Duval morreu aos 96 anos nesta quarta-feira (21/05). A informação foi divulgada pela filha, a também atriz Carla Daniel, por meio das redes sociais.
— É com tristeza, mas alívio, que nos despedimos. Mãe, avó, amiga e que nos trouxe bons momentos de alegria para o público brasileiro. Te amo — escreveu Carla.
Dorinha ficou nacionalmente conhecida ao interpretar a primeira versão da personagem Cuca, uma das vilãs mais icônicas da literatura infantil brasileira, na adaptação televisiva do Sítio do Picapau Amarelo, em 1977. Sua atuação marcou gerações de crianças nos anos 1970.
Início no rádio e na música
Nascida como Dorah Teixeira em 21 de janeiro de 1929, em São Paulo, Dorinha começou a carreira artística como cantora na década de 1940. Atuou em boates e casas noturnas da capital paulista, acompanhada por músicos como Moacyr Peixoto, irmão de Cauby Peixoto. Sua voz e presença logo chamaram atenção, e ela migrou para as radionovelas, gênero muito popular no período.
Transição para a televisão
A estreia na televisão aconteceu na extinta TV Tupi, onde integrou o elenco do programa TV de Comédia entre 1957 e 1959. Já na década seguinte, iniciou uma longa trajetória na TV Globo, atuando em novelas marcantes da teledramaturgia brasileira. Seu primeiro papel na emissora foi na novela Verão Vermelho (1969), escrita por Dias Gomes.
Ao longo dos anos 1970, participou de grandes sucessos como Irmãos Coragem (1970), de Janete Clair, Minha Doce Namorada (1970), de Vicente Sesso, e Selva de Pedra (1972), novamente de Janete Clair. Também teve papel em O Bem-Amado, primeira novela brasileira exibida em cores, consolidando-se como uma atriz versátil e carismática.
Vida pessoal e afastamento da carreira
No início dos anos 1980, Dorinha Duval se afastou da televisão após um episódio trágico em sua vida pessoal. Em 1980, foi condenada a seis anos de prisão pelo assassinato do então marido, o empresário Paulo Sérgio Garcia Alcântara, com quem era casada havia seis anos. O crime ocorreu após uma sequência de episódios de violência doméstica, segundo relatos posteriores da atriz. Ela cumpriu oito meses da pena em regime semiaberto.
Nova fase nas artes plásticas
Após deixar a vida artística na televisão, Dorinha passou a se dedicar à escultura e às artes plásticas. Desde 1987, vivia reclusa, longe dos holofotes, focada em sua produção artística e na vida familiar.
Dorinha Duval deixa uma contribuição importante para a história da TV brasileira, sendo lembrada tanto pelo pioneirismo quanto pela intensidade de sua trajetória.
A causa da morte não foi informada pela família.
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