Morre Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA, aos 100 anos
O ex-presidente, o mais longevo da história dos Estados Unidos, sobreviveu por vários anos após ser diagnosticado com câncer cerebral em 2015

James Earl Carter Jr., ou Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos e laureado com o Nobel da Paz, faleceu neste domingo (29) aos 100 anos, em sua residência em Plains, Geórgia, seu estado natal. A informação foi confirmada por sua fundação.
De acordo com o Centro Carter, Carter "morreu pacificamente [...] rodeado por sua família". Seu filho, Chip Carter, expressou em comunicado: "Meu pai foi um herói, não só para mim, mas para todos que acreditam na paz, nos direitos humanos e no amor altruísta."
O ex-presidente, o mais longevo da história dos Estados Unidos, sobreviveu por vários anos após ser diagnosticado com câncer cerebral em 2015 e estava recebendo cuidados paliativos desde fevereiro de 2023 em sua residência.
Antes de se tornar presidente, Carter foi oficial naval e governador da Geórgia. Sempre defendeu valores cristãos. Em Plains, cidade que abrigava a fazenda de amendoins de sua infância, vizinhos começaram a deixar flores em sua memória.
Camp David e a crise dos reféns
Carter foi eleito presidente em 1976, em um período conturbado nos Estados Unidos após o escândalo de Watergate, que resultou na renúncia de Richard Nixon e na presidência interina de Gerald Ford.
Ele permaneceu na Casa Branca por um único mandato, sendo o responsável pelos Acordos de Camp David, que culminaram na assinatura do tratado de paz entre Israel e Egito em março de 1979. No entanto, sua presidência foi marcada pela crise dos reféns americanos no Irã, que teve um impacto negativo em sua popularidade. A falha de uma missão militar para libertá-los, anunciada em 24 de abril de 1980, prejudicou suas chances de reeleição, com Ronald Reagan, do Partido Republicano, vencendo nas urnas.
Incansável ex-presidente
Após deixar a presidência em 1981, Carter se dedicou à criação do Centro Carter, fundado em 1982, para promover o desenvolvimento, a saúde e a resolução de conflitos globalmente. Ao longo de sua vida pós-presidencial, ele visitou vários países, incluindo México, Peru, Nicarágua, Timor Leste e Venezuela, para realizar missões de mediação e observação eleitoral. Sua dedicação ao bem-estar mundial lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz em 2002.
Afastando-se da vida pública
Carter também esteve profundamente envolvido na ONG Habitat for Humanity, trabalhando em projetos de caridade ao lado de sua esposa Rosalynn, com quem esteve casado por 77 anos. Em 2019, aos 95 anos, ele se tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a alcançar essa idade. No entanto, sua saúde começou a declinar, e ele se afastou da vida pública, não comparecendo à posse de Joe Biden em janeiro de 2021.
Meses depois, Carter recebeu Biden em Plains, sua cidade natal, onde morava desde que deixou Washington. Em 1976, Biden foi um dos primeiros congressistas democratas a apoiar Carter em sua candidatura à presidência.
Rosalynn Carter, sua esposa de longa data, faleceu em 19 de novembro de 2023, aos 96 anos. O ex-presidente participou do funeral de sua esposa, usando cadeira de rodas. O casal teve três filhos e uma filha.
Lula afirma que Carter era "amante da democracia"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Jimmy Carter e afirmou que o ex-presidente
dos Estados Unidos era um “amante da democracia e defensor da paz”.
“Jimmy Carter foi senador, governador da Geórgia e
presidente dos Estados Unidos. Foi, acima de tudo, um amante da democracia e
defensor da paz. No fim dos anos 70, pressionou a ditadura brasileira pela
libertação de presos políticos. Depois, como ex-presidente, continuou militando
pela promoção dos direitos humanos, pela paz e pela erradicação de doenças na
África e na América Latina. Carter conseguiu a façanha de ter um trabalho como
ex-presidente, ao longo de décadas, tão ou mais importante que o seu mandato na
Casa Branca. Criticou ações militares unilaterais de superpotências e o uso de
drones assassinos. Trabalhou junto com o Brasil na mediação de conflitos na
Venezuela e na ajuda ao Haiti. Criou o Centro Carter, uma referência mundial em
democracia, direitos humanos e diálogo. Será lembrado para sempre como um nome
que defendeu que a paz é a mais importante condição para o desenvolvimento.
Meus sentimentos aos seus familiares, amigos, correligionários e compatriotas
nesse momento de despedida”, afirmou Lula nas redes sociais.
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