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São Jerônimo, RS, 14/12/2024

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Transição do carvão para energias renováveis é desafio para o RS

Roteiro no Japão mostra mudança nas agendas de governo e empresas buscando projetos para geração de energia de fontes como hidrogênio verde e eólica

Mauricio Tonetto / Secom
Transição do carvão para energias renováveis é desafio para o RS Assinatura de memorando de entendimento com o Shizen Energy Group
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Embora existam semelhanças nas agendas do governo gaúcho entre 2017 e 2024, como o fortalecimento das parcerias com a Província de Shiga e a prospecção de novos negócios da Toyota no Rio Grande do Sul, a missão liderada pelo governador Eduardo Leite ao Japão revelou uma grande mudança nas prioridades energéticas em comparação com a visita do governo de José Ivo Sartori há sete anos. A pauta energética, que no passado esteve centrada no carvão, agora é dominada por projetos de fontes renováveis, como o hidrogênio verde e a energia eólica offshore. As informações são do Jornal do Comércio.

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Quando Sartori esteve no Japão, em 2017, a agenda do primeiro dia de missão foi inteiramente dedicada ao carvão, com visita à usina térmica de Hitachinaka, da Tokyo Electric Power Company (Tepco), e reunião com a IHI Corporation, responsável pelo desenvolvimento de tecnologias para reduzir as emissões na queima do combustível fóssil. Na época, o carvão gaúcho, que representa 90% das reservas do mineral no Brasil, parecia estar em sua última oportunidade de viabilizar grandes projetos. A proposta de uma mega usina a carvão em Charqueadas, orçada em US$ 2 bilhões, não saiu do papel.

Sete anos depois, o cenário é bem diferente. O carvão perdeu espaço e viabilidade como fonte para termelétricas, e a agenda ambiental ganhou força globalmente, com uma crescente ênfase na descarbonização. No Rio Grande do Sul, eventos climáticos extremos no último ano também reforçaram essa mudança de foco. Como resultado, a missão de 2024 incluiu visitas a empresas como Mitsubishi Heavy Industries e Shizen Energy Group, além da assinatura de memorandos relacionados ao hidrogênio verde e à energia eólica offshore.

Entre os quase 50 integrantes da comitiva gaúcha que viajaram em 2024, dois em particular, Artur Lemos, atual chefe da Casa Civil, e Roberto Faria, diretor-executivo da Arpoador Energia, simbolizam bem a transição de foco. Lemos, que em 2017 era secretário de Minas e Energia e lidava com projetos ligados ao carvão, agora articula parcerias para o desenvolvimento de hidrogênio verde. Já Faria, que antes era diretor de novos negócios da Copelmi, mineradora que detém grandes reservas de carvão no Estado, agora lidera a Arpoador Energia, com foco na transição energética.

Em entrevista ao Jornal do Comércio, Lemos destacou as mudanças em relação à agenda de 2017. Para ele, a visita de 2017 representava uma "última janela de oportunidade" para o carvão, que acabou não sendo aproveitada. Agora, a agenda do governo está alinhada aos compromissos globais de redução de emissões de gases de efeito estufa, com o objetivo de atingir a neutralidade de carbono até 2050. Ele destacou também que, apesar do Japão continuar desenvolvendo tecnologias de utilização de combustíveis fósseis com neutralização de carbono, a visita deste ano reflete um novo momento para o Rio Grande do Sul, com um foco claro no hidrogênio verde e em uma nova matriz energética.

Roberto Faria, por sua vez, ressaltou o papel crucial da transição energética para atingir a meta de emissões líquidas zero até 2050. Ele, que já havia assinado um memorando com a Mitsubishi e o governo do Estado durante a Expointer para projetos de geração de energia renovável e hidrogênio verde, vê boas oportunidades no Japão, especialmente no que diz respeito a tecnologias e financiamentos competitivos. O empresário reconhece também o protagonismo do Japão em iniciativas de descarbonização, como os projetos de hidrogênio verde, metanol verde e amônia verde, que também afetam a indústria.

Apesar das mudanças, Faria destaca que o carvão não será abandonado imediatamente e que é necessário trabalhar em uma "transição energética justa". Segundo ele, "não haverá expansão de novas usinas a carvão", mas é preciso pensar em formas de integrar a indústria do carvão na transição para 2050, utilizando tecnologias como o sequestro de carbono e explorando outros usos para o minério.

O governador Eduardo Leite, que assinou um memorando de entendimento com a Shizen Energy Group para estudos de viabilidade de um parque eólico offshore no Rio Grande do Sul com potencial de produção de hidrogênio verde, acredita que a mudança para uma matriz energética mais limpa e sustentável é uma oportunidade econômica para o Estado, além de uma necessidade ambiental. A descarbonização, para Leite, traz consigo grandes investimentos e potencial de inovação para o Rio Grande do Sul.

Essas mudanças nas agendas energéticas e os projetos de transição energética, que foram o foco da missão ao Japão em 2024, mostram como o Rio Grande do Sul está se posicionando cada vez mais no cenário global, comprometido com a sustentabilidade e a inovação.


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