Fumaça das queimadas retorna nesta terça-feira ao Rio Grande do Sul
Fenômeno persiste desde o mês passado, com maior intensidade prevista para quarta-feira
Moradores do Rio Grande do Sul deverão observar novamente o céu acinzentado nesta terça-feira (3/09), devido à fumaça de incêndios florestais registrados em outros estados brasileiros e países vizinhos. Desde o mês passado, o fenômeno tem sido recorrente no estado.
Uma frente fria no final de semana ajudou a limpar a atmosfera, proporcionando um breve alívio nesta segunda-feira (2/09). No entanto, de acordo com a Climatempo, um novo fluxo de fumaça está previsto para chegar ao Rio Grande do Sul na terça-feira, com maior abrangência esperada para quarta-feira (4/09).
Além dos incêndios nos estados da faixa central e norte do Brasil, o fenômeno é intensificado por recordes de queimadas em países como Paraguai, Argentina e Bolívia. A combinação de tempo seco, baixa umidade e altas temperaturas na América do Sul, que devem persistir até pelo menos o dia 16, favorece a ocorrência de queimadas. A fumaça é transportada ao sul pela corrente de vento típica do final do inverno e início da primavera.
Segundo a Climatempo, uma nova frente fria deve chegar ao estado na quarta-feira, o que pode ajudar a dissipar a fumaça a partir de quinta-feira (5/09). No entanto, como as queimadas continuam, não é possível prever com precisão quando o fenômeno cessará completamente, tornando possível que novos dias de céu acinzentado ainda ocorram no Rio Grande do Sul.
Os incêndios florestais, além de deixarem o céu cinza, têm um impacto direto na qualidade do ar, o que pode acarretar prejuízos à saúde da população.
Brasil já registrou mais de 154 mil focos de calor este ano
O Brasil iniciou o mês de setembro com mais de 154 mil focos de calor registrados em 2024, segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O maior número de frentes de fogo está na Amazônia, que concentrou 42,7% dos focos registrados no domingo (1º/09) e nesta segunda-feira (2/09).
De acordo com o Inpe, como esses dados são gerados por imagens de satélite, que variam em captação de áreas entre 375 metros quadrados (m²) e 4 quilômetros quadrados (km²), cada foco pode representar uma ou várias frentes de fogo ativas. Da mesma forma, uma frente de fogo muito grande pode ser captada por mais de um satélite e representar mais de um foco de calor.
Na comparação com os dados divulgados no último boletim do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), no sábado (31/08), os focos de calor continuam avançando pelos biomas brasileiros em relação ao registrado até o dia 27 de agosto, quando já haviam sido captados pouco mais de 112 mil focos de calor no país. Embora a Amazônia seja o bioma mais atingido, por causa da extensão de seu território, o município mais afetado foi Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde o bioma predominante é o Pantanal e foram detectados 4.245 focos. Já o segundo município mais atingido foi Apuí, no Amazonas, onde houve 3.401 focos até o dia 27 de agosto.
De acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), a área da Amazônia que já foi consumida pelo fogo em 2024 ultrapassou 5,5 milhões de hectares, e o Pantanal já perdeu 2,5 milhões de hectares até esse domingo (1º/09).
Combate
O MMA informou que atualmente atuam na Amazônia 1.468 brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Já no Pantanal, esses órgãos atuam com 391 profissionais, que se somam a outros 343 das Forças Armadas, 79 da Força Nacional de Segurança Pública e dez da Polícia Federal. Também estão sendo empregadas 18 aeronaves e 52 embarcações do governo federal.
Na última terça-feira (27/08), o Supremo Tribunal Federal determinou o prazo de 15 dias para que o governo federal reforce o número de pessoas e de equipamentos no combate ao fogo no Pantanal e na Amazônia. No dia 10 de setembro, o cumprimento da medida deverá ser avaliado em audiência de conciliação que tratará de três ações de descumprimento de preceito fundamental (ADPFs) que tratam do tema.
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